Todos conheciam o icónico estilista alemão Karl Lagerfeld, que faleceu em fevereiro aos 85 anos. Menos conhecida era a sua faceta de cartoonista e ilustrador, uma paixão que vinha desde criança e que nunca perdeu.
Em Gottingen, na Alemanha, os desenhos satíricos de Lagerfeld estão a ser reunidos numa coleção por Gerhard Steidl, o editor que o acompanhou em todas as obras ao longo de mais de 25 anos.
"Ele costumava dizer que queria ser ilustrador. Esse foi O grande arrependimento da vida dele. Estava realmente interessado na política, fosse ela alemã ou internacional. Todas as nossas conversas começaram com "Então, o que é que está a acontecer na Alemanha?", conta.
As mensagens de texto entre Steidl e Lagerfeld funcionavam como um laboratório criativo para o responsável da casa Chanel. Enquanto o editor escrevia sobre as previsões para as eleições alemãs, Karl respondia pouco depois com os cartoons.
"Karlicaturas" era o resultado final de mais uma colaboração, a coleção dos cartoons políticos do estilista que ficou conhecido como o kaiser da moda.
Nas últimas duas décadas, Steidl e Lagerfeld lançaram livros sobre moda, fotografia e literatura, num processo quase obsessivo.
"As nossas sessões de trabalho começavam geralmente muito cedo. Às vezes, ele ligava às 5 da manhã com uma ideia. Não havia ninguém disponível em Paris a essa hora e ele sabia que eu já estava a trabalhar. Ele falava comigo sobre as ideias que tinha e os esboços chegavam em alguns minutos por fax. 20 minutos depois, ele já estava impaciente e eu recebia uma mensagem de texto a questionar: 'Diz-me o que achas... Por que é que não respondes?' Era assim o dia todo, sábados e domingos incluídos".
De Angela Merkel a Barack Obama, as "Karlicaturas" devem chegar em breve ao mercado.