"O elixir do amor" apaixona em filme de "cowboys"

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De  Katharina Rabillon
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A obra de Gaetano Donizetti é transposta para o cenário de produção cinematográfica onde um figurante confunde realidade e fantasia com a estrela

"O 'Elixir do Amor' é uma comédia lírica passada numa aldeia em meados do século XX saída do talento do compositor italiano Gaetano Donizetti (1797 – 1848).

Numa nova adaptação, Rolando Villazón transpôs o cenário da ópera de Donizetti para o cenário de produção de um filme de 'cowboys' onde o figurante se apaixona pela estrela.

O tenor mexicano, de 47 anos, assumiu o papel de realizador e transformou uma pérola do 'bel canto' num 'western spaghetti'.

O universo cénico apresentado no palco da Ópera de Leipzig, na Alemanha, encantou a plateia.

"Queria criar uma ideia de um mundo de fantasia. Todos temos uma enorme relação com o 'oeste americano'. Existem tantos filmes. Quem nunca brincou aos índios e 'cowboys'? Depois vinha o xerife... e isto é mesmo um mundo que nos enche de fantasia e imaginação", explicou à Euronews Rolando Villazón.

O tenor Piotr Buszewski encarna "Nemorino", nesta adaptação. Para o polaco, "nunca antes se viu uma interpretação assim do 'Elixir', de Donizetti": "há tanta coisa a acontecer no palco. É como se fosse um bom filme."

A soprano Bianca Tognocchi salienta as "muitas referências a palhaços" que surgem no palco "e também da 'Comedia dell'arte'". "Temos coisas muito, muito antigas da cultura italiana e também muito teatro de marionetas", acrescentou a italiana, a "Adina" deste "Elixir do Amor".

Em resumo: "Nemorino" arde de paixão pela bela "Adina" e acredita que a "poção do amor" comprada a um charlatão está a fazer efeito no coração da estrela do filme em que também trabalha como mero figurante.

"'Adina' é uma mulher forte e independente. Uma verdadeira feminista", sublinha Bianca Tognocchi.

Rolando Villazón revela-nos que "apesar de 'Adina' não o assumir, ela também está apaixonada."

"Nesta produção, 'Adina' é a estrela do filme 'Wild Wild Girl'. 'Nemorino' é muito bom amigo da diva e entra no filme como figurante. O problema é que ele não consegue distinguir a realidade da fantasia", resume o realizador, introduzindo o momento onde "tudo começa" em palco: "com ela a chorar numa cena terrível. Ele chega e diz-lhe: 'Oh, não chores, não chores...'"

"Corta! E ele simplesmente destrói a cena", conta-nos, divertido, o realizador, passando para uma cena mais à frente no enredo onde "Nemorino" surge a cantar "Una Furtiva Lagrima". "É como um momento de acalmia", considera.

"Quando ouvimos a música pela primeira vez, dá-nos de certa forma uma sensação de tristeza, de melancolia, mas as palavras e os sentimentos de 'Nemorino' são muito positivos", esclarece.

Rolando Villazón diz-nos que, "enquanto realizador", é normal acrescentar "sempre alguma coisa". "É maravilhoso poder criar obras tão belas que as consideramos dignas e boas o suficiente para as oferecermos ao público, aos artistas, aos teatros e a toda a gente envolvida", conclui.

A adaptação "western spaghetti" de Rolando Villazón da ópera bufa "O Elixir do Amor", de Gaetano Donizetti, está em cartaz na Opera de Leipzig até final de abril de 2020, em datas selecionadas.

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