Lina Wertmüller: "É a história que me guia"

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De  Euronews
Lina Wertmüller: "É a história que me guia"

Los Angeles prepara-se para homenagear com um Óscar honorário a primeira mulher a ser nomeada para uma estatueta de melhor realizadora.

Aos 91 anos, Lina Wertmüller é vista como uma das melhores no universo da sétima arte. Na sua casa, em Roma, falou à Euronews sobre o que pensa da indústria na atualidade.

Jack Parrock, Euronews: Recebeu vários prémios ao longo da carreira. Este tem um sabor diferente?

Lina Wertmüller: "Claro. Este um prémio é especial para mim, que me deixa muito satisfeita e honrada".

A história da família Wertmüller extravasa fronteiras na Europa. O nome germânico da realizadora italiana tem origem na Suíça.

J.P.: Um dos temas mais fraturantes em Itália é o da crise migratória e a forma como os políticos lidam com ela, Como se explora esse tema num filme?

L.W.: "Este é um tema importante que faz parte da nossa história, da minha história, portanto lidaria com ele da forma que achasse mais adequada à situação. Quando me apaixono por uma história, deixo-me levar por ela, é a história que me guia, não sei explicar, não há nada de pré-fabricado".

Os estereótipos quebrados ao longo da carreira deram a Lina Wertmüller o estatuto de ícone feminista. Mas, hoje-em-dia, algumas das cenas que filmou poderiam ser questionadas por um público feminista mais jovem.

J.P.: De que forma incentivaria, ou aconselharia uma mulher a trabalhar numa indústria ainda muito dominada por homens, como a do cinema?

L.W.: "Depende. Se pensarmos, por exemplo, numa atriz muito boa, ela tem um poder por vezes maior que o dos homens, portanto, não é uma questão de género, mas do poder que cada um de nós tem na indústria"

Desde a nomeação de Lina Wertmüller, apenas quatro mulheres foram nomeadas para o Óscar de melhor realizadora, Um marco na história do cinema que promete manter vivo o trabalho da realizadora italiana ao longo das próximas gerações