Mayra Andrade realiza, este ano, uma digressão europeia para promover o seu mais recente álbum, "Manga", lançado em 2019.
Considerada uma das grandes embaixadoras da música de Cabo Verde e da língua crioula, a artista aposta num som atual sem esquecer as raízes.
"A ideia não era nem fazer música tradicional cabo-verdiana nem 'afrobeat', mas encontrar um terreno no meio que me pertencesse, que fosse meu. Estou superfeliz. Acho que conseguimos. [O disco] chama-se 'Manga' porque a manga é uma fruta solar, tropical. É a minha preferida e representa uma feminilidade muito sensual", afirmou Mayra Andrade, em entrevista à Euronews.
Um percurso cosmopolita
Nascida em Cuba, de pais cabo-verdianos, Mayra Andrade já viveu em vários países como Angola, Senegal, Alemanha e França. Mudou-se para Lisboa em 2016 e aí inspirou-se para este último disco.
"Eu vivi em Cabo Verde em diferentes momentos da minha vida. Na infância, na adolescência e na juventude. Depois fui vivendo em vários países. Fui uma privilegiada porque a minha família seguiu uma carreira de diplomata", contou a artista cabo-verdiana.
Mayra Andrade conhece bem o sentimento de saudade de quem vive longe de casa. "Aos 17 anos, aí sim, fui para Paris sozinha e percebi o sentimento que havia em tantas das canções tradicionais de Cabo Verde em que se fala da partida, da distância, da saudade, das separações e da esperança de ver um dia o regresso", acrescentou a cantora e compositora de 34 anos.
A década parisiense de Mayra Andrade
A estadia em Paris foi determinante para a carreira de Mayra Andrade. Três anos após o primeiro álbum, "Navega", lançado em 2006, a cantora teve a oportunidade de partilhar o palco com Cesária Évora, com quem é frequentemente comparada.
"Havia muito esta tendência em querer comparar ou dizer que eu era a herdeira da Cesária Évora quando ela ainda estava a andar pelo mundo e a cantar pelos palcos. Apesar de sempre ter entendido isto como um elogio, incomodou-me porque ela era ainda uma mulher que andava a defender a sua música e o nome pelo mundo. O que eu espero é poder fazer, se não tanto quanto ela, o melhor que eu puder para a cultura cabo-verdiana, para a cultura africana e para a cultura do mundo na música. Eu não só quero, mas vou levar o nome do meu país para outros universos" afirmou a artista cabo-verdiana.
A projeção internacional da música crioula
Em 2019, a morna, música tradicional de Cabo verde, tornou-se património Imaterial da Humanidade, uma distinção atribuída pela Unesco.
As homenagens à cultura cabo-verdiana não se ficaram por aqui. A "rainha da Pop" Madonna inspirou-se nos ritmos crioulos de Lisboa para o seu último disco e, em janeiro, no arranque da digressão europeia de "Madame X, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, Madonna interpretou uma versão de "Sodade", de Cesária Évora, em dueto com Dino D'Santiago.
"A Madonna sempre foi muito fã da Cesária Évora e o Dino deu à Madonna uma oportunidade muito grande de mergulhar na música cabo-verdiana através da comunidade cabo-verdiana de Lisboa. Aquela presença das batucadeiras no espetáculo da Madonna, para mim, é o mais bonito daquele espetáculo", recordou Mayra Andrade.
Digressão europeia em 2020
Nos próximos meses, Mayra Andrade sobe ao palco em França, na Alemanha, na Polónia, no Reino Unido, em Portugal, na Bélgica e no Luxemburgo.