Das paredes de Lisboa para o mundo, conheça o percurso Vhils, de um dos mais conhecidos artistas de arte urbana.
"Sou uma espécie de arqueólogo urbano, porque basicamente esculpo nas paredes da cidade".
Alexandre Farto, também conhecido por Vhils, é considerado um dos melhores artistas urbanos do mundo.
Como muitos artistas de rua, começou a pintar grafítis de forma ilegal quando tinha 13 anos. Ainda na adolescência, o artista português começou a questionar as suas obras e tentar encontrar um estilo próprio.
Lisboa marcou o crescimento de Vhils como artista e serviu-lhe de tela. "Comecei a perceber que as paredes não eram apenas paredes, mas que estavam a acumular camadas de mudanças e a história dessa mesma cidade. E tive a ideia de parti-las, extraindo e expondo as camadas que, de certa forma, estavam dentro da cidade".
Munido de martelos, cinzéis, facas e até explosivos, Vhils começou então a esculpir a sua arte nas paredes de Lisboa.
O método destrutivo de criar cedo se aplicou a painéis publicitários e outras superfícies abandonadas, como portas e edifícios demolidos.
"Eu iria e vandalizava-os, de certa forma, mas criando retratos de alguém que vivia na cidade ... Era uma homenagem aos heróis quotidianos que vivem nas cidades que vão de A a B, que fazem com que toda a cidade trabalhe e os torne visíveis".
A oportunidade que chegou com Banksy
Por volta dos 19 anos, Vhils foi estudar para Londres e viu a sua grande oportunidade surgir em 2008, quando foi convidado para o festival Cans.
Durante esse evento, que juntou alguns dos maiores nomes da arte urbana, o acaso levou-o a sentar-se ao lado do famoso e enigmático artista Banksy. A visibilidade que o festival lhe trouxe impulsionou-lhe a carreira e mostrou que a sua arte podia transbordar além fronteiras.
Um dos seus primeiros projetos com destaque mediático foi levado a cabo no Rio de Janeiro, onde parte de uma favela estava a ser demolida.
"As pessoas não eram ouvidas e estavam a ser expropriadas", conta. Para lhes dar voz, Vhils trabalhou com uma Organização Não-Governamental (ONG) para esculpir os rostos da população local nas ruínas das casas.
"Isso acabou por chamar a atenção para a situação e criou uma ponte entre a comunidade e a forma como a cidade olhava para eles. Percebi que o que estava a fazer podia de facto acender uma luz, pôr a atenção num assunto. Para que as pessoas fossem ouvidas".
Vhils abriu o seu próprio estúdio para construir uma equipa que pudesse ajudar na complicada logística de criação em murais gigantescos e com recurso a explosivos.
Desde então, de Xangai a Paris, de Los Angeles à Cidade do México, paredes de todo o mundo são hoje, também, retratos esculpidos das cidades.
Descubra mais sobre as técnicas destrutivas e explosivas de Vhils, neste episódio de "Creators", uma série onde entramos em algumas das principais mentes criativas do mundo. Veja o vídeo acima.
Foto "Cans Festival - VHILS e Banksy" de Tristan Appleby está licenciada via Flickr (CC BY-SA 4.0)
A fotografia "Cans Festival" de RJ está licenciada via Flickr (CC BY-SA 2.0)