A Catedral de Notre-Dame vai ter novos vitrais da autoria da artista Claire Tabouret. Mas a encomenda, que faz parte dos trabalhos de renovação da catedral no valor de 846 milhões de euros, está a gerar debate sobre a remoção de peças históricas.
A Catedral de Notre-Dame, em Paris, recentemente restaurada após o incêndio de 2019, prepara-se para mais uma atualização, mas desta vez com um toque contemporâneo. A catedral vai exibir em breve novos vitrais desenhados pela artista francesa Claire Tabouret, de 43 anos, dando um toque do século XXI a este marco icónico.
As novas janelas, que vão substituir obras do século XIX, foram encomendadas pelo arquiteto Eugène Viollet-le-Duc e fazem parte de um projeto de restauro de 846 milhões de euros que demorou cinco anos e meio a ser concluído. Apesar dos atrasos devido à pandemia e das preocupações com a contaminação por chumbo, o projeto cumpriu em grande parte o calendário original, reabrindo ao público este mês.
O projeto de Tabouret foi escolhido entre mais de 100 candidaturas no âmbito de um concurso nacional para substituir seis janelas nas capelas da catedral do lado sul. Estas janelas sobreviveram ao incêndio catastrófico que devastou o telhado e o pináculo da catedral e os planos do Ministério da Cultura francês para as substituir suscitaram um grande grande debate, incluindo a oposição da Comissão Nacional do Património.
Alguns especialistas em património defendem que as janelas originais devem permanecer intactas, citando diretrizes patrimoniais internacionais como a Carta de Veneza de 1964, que exige a preservação de características originais, a menos que seja absolutamente necessário.
De acordo com a ARTnews, a Igreja Católica especificou que o artista vencedor deve ser figurativo, excluindo os artistas abstratos.
“Uma obra de arte figurativa”, disse Tabouret num comunicado, “pode ser compreendida, sem explicação ou rótulo, por pessoas de diferentes culturas”.
A artista foi escolhida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo arcebispo de Paris, Laurent Ulrich. Em comunicado, Tabouret explicou que o seu desenho vencedor apresenta pessoas de diferentes origens culturais, unidas em oração para celebrar o Pentecostes.
“Num tempo como o nosso, marcado pela guerra, pela divisão extrema e pela tensão, esta oportunidade de usar a minha arte para promover a unidade através do tema do Pentecostes é um maravilhoso gesto de esperança”, disse a artista.
A pintora, radicada em Los Angeles, vai colaborar com o conceituado estúdio de vidro Simon-Marq em Reims, um atelier histórico que foi anteriormente escolhido para restaurar catedrais danificadas durante a Segunda Guerra Mundial.