Outubro de COP26 morna e temperaturas elevadas

Outubro de COP26 morna e temperaturas elevadas
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De  Jeremy WilksEuronews
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Outubro de 2021 foi o terceiro mais quente desde que há registo e o mês em que começou a cimeira do clima, de onde resultaram medidas cujo efeito só será sentido no final do século. Mas novas invenções pretendem abrir caminho para um futuro mais verde.

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Outubro de 2021 esteve 0,4 graus Celsius acima da média entre 1991 e 2020, tornando-o no terceiro outubro mais quente de que há registo.

De acordo com o registo de anomalias de temperatura, a Europa esteve dividida entre noroeste e sudeste. Mais concretamente, a Noruega esteve 1,9 graus Celsius acima da média, enquanto, da Grécia até ao Mar Cáspio, as temperaturas estiveram bem abaixo da média da época do ano.

Copernicus Climate Change Service implemented by ECMWF
Mapa de anomalias de temperaturas em outubro de 2021Copernicus Climate Change Service implemented by ECMWF

Mas o acontecimento mais marcante foi registado no norte do Canadá, onde as temperaturas em alguns locais chegaram a estar 7 graus Celsius acima da média. Isso significa que pela primeira vez desde que há registo, em outubro,  áreas que normalmente estariam congeladas nessa altura do ano estiveram acima de zero graus, dando provas do rápido aquecimento do Ártico nos últimos anos.

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Norte do Canadá regista aquecimento anómalo em outubro de 2021Copernicus Climate Change Service implemented by ECMWF

Emissões de CO2 vão passar a ser medidas com exatidão

Até ao momento, não há forma de medir com precisão a quantidade de dióxido de carbono (CO2) lançado para a atmosfera por grandes complexos industriais, cidades, e mesmo países. Tudo se baseia em estimativas indiretas.

Mas uma nova iniciativa europeia pretende resolver esse problema, ao possibilitar a monitorização das emissões de CO2.

Vamos poder assegurar que o que pensamos que emitimos em termos de emissões de CO2 é realmente o que está na atmosfera
Vincent-Henri Peuch
Diretor do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Programa Copernicus

O dióxido de carbono é incolor, inodoro e mistura-se instantaneamente na atmosfera.

O rastreio da quantidade de fontes emissoras é incrivelmente complexo. Mas, a partir de 2026, um novo sistema europeu chamado CO2MVS vai combinar imagens de satélite e modelos computacionais para definir melhor quem está a emitir o quê e quando.

De acordo com o diretor do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Programa Copernicus, Vincent-Henri Peuch, "vamos poder verificar as emissões utilizando um modelo numérico e comparar com as observações recebidas, e de certa forma fechar o ciclo, e assegurar que o que pensamos que emitimos em termos de emissões de CO2 é realmente o que está na atmosfera".

O CO2MVS promete uma resolução de dois quilómetros, o que significa que os países vão passar a saber precisamente de onde vem o dióxido de carbono, incluindo as fontes de deteção que podem ter sido subestimadas, sobrestimadas, ou simplesmente invisíveis até agora.

"Penso que não vai revolucionar o nosso conhecimento sobre emissões na Europa, mas noutras partes do mundo, sim, talvez seja uma grande mudança", afirma o cientista.

Durante a próxima década, as temperaturas vão aumentar, aconteça o que acontecer às emissões
Ed Hawkins
Cientista climático

Apesar de a COP26 se ter debruçado sobre a redução das emissões, as concentrações reais de CO2 na atmosfera continuam a aumentar.

Dados obtidos por satélite mostram flutuações de acordo com as estações do ano, mas o nível de concentrações continua a subir, colocando-nos atualmente num pico sem precedentes na história da humanidade.

As medidas adotadas no Pacto de Glasgow não terão qualquer efeito até 2030. O cientista climático Ed Hawkins, defende mesmo que "durante a próxima década, as temperaturas vão aumentar, aconteça o que acontecer às emissões. Mas as reduções de emissões de que estamos a falar na COP26 são a longo prazo, para depois de 2030, até 2050 e mais além".

Ao longo do ano, fomos tendo alguns indícios do que está para vir. Os extremos relacionados com as alterações climáticas variaram entre incêndios florestais e uma onda de calor de quase 50 graus Celsius no sul da Europa a inundações mortíferas na Alemanha e na Bélgica.

Nas próximas décadas, prevê-se que os extremos climáticos se tornem mais frequentes e mais intensos em algumas regiões.

Sonia Seneviratne, do Instituto de Ciência Atmosférica e Climática de Zurique, estima que, até 2030, "haja um novo aumento das ondas de calor. Um aumento adicional das precipitações fortes, principalmente na Europa do Norte e também na Europa Central, e ainda um aumento da intensidade e frequência das secas, em particular na Europa do Sul, mas também na Europa Central".

Contas feitas, os cientistas alertam para que, mesmo com reduções rápidas das emissões, os efeitos das alterações climáticas serão sentidos até depois do final do século.

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