Boris Johnson estreia-se em Bruxelas a defender "Brexit" e permanência na Europa. Confuso?

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De  Francisco Marques
Boris Johnson estreia-se em Bruxelas a defender "Brexit" e permanência na Europa. Confuso?

O detentor do penteado mais excêntrico da política britânica voltou a mostrar-se. Desta feita, em Bruxelas. Novo secretário para a política externa do Reino Unido e uma das caras do “Brexit”, o ex-“mayor” de Londres Boris Johnson estreou-se em Conselhos de Ministros da União Europeia, num cargo que o obrigou a abdicar da controversa coluna de opinião que assinava no jornal The Telegraph, pela qual fez campanha pela saída dos britânicos da UE e ela qual recebia cerca de 250 mil libras (300 mil euros) por ano.

O homem que chegou a comparar o projeto europeu ao plano de Adolf Hitler para dominar o continente voltou a defender a saída do bloco sediado em Bruxelas, mas… não das grandes decisões. Confuso? Só ele saberá. “A mensagem que trazemos aos nossos amigos no Conselho é a de que temos de cumprir a vontade do povo e deixar a União Europeia, mas isso em caso algum significa que vamos deixar a Europa. Não vamos de forma alguma abandonar o nosso papel de liderança na cooperação e participação europeias, seja de que tipo for”, afirmou o novo chefe da diplomacia britânica à chegada à reunião em Bruxelas.

Para a secretária de Estado portuguesa dos Assuntos Europeus, Boris Johnson fez “um dos discursos mais europeístas da reunião, no sentido de reconhecer que é fundamental uma cooperação europeia quer na luta contra o terrorismo quer em matéria de defesa”. Margarida Marques revelou ainda que o novo homólogo britânico manifestou “a vontade de o Reino Unido continuar a colaborar com a União Europeia.”

Quanto a Jean-Marc Ayrault, depois de ter caraterizado Boris Johnson como mentiroso no final da semana passada, após a nomeação do britânico para o executivo de Theresa May, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento Internacional, foi agora mais comedido.

“Falarei sempre com Boris Johnson com a maior das sinceridades e franqueza. Acredito que é assim que devemos avançar. No que concerne à França, o objetivo é evitar que a Europa não caia na incerteza em torno do futuro das relações entre a Grã-Bretanha e a Europa, por isso quanto mais cedo as negociações (do ‘Brexit’) começarem melhor”, afirmou Ayrault, antes do início de uma reunião em que participou também o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e na qual a instabilidade na Turquia e a ameaça terrorista, com o ataque de Nice ainda bem presente, foram os temas dominantes.