Bastião de Le Pen: UE não pode existir "às nossas custas"

Em Hénin-Beaumont, no norte da França, onde votou Marine Le Pen, os resultados foram diametralmente opostos aos nacionais: a Frente Nacional conquistou 61% dos votos, tendo Emmanuel Macron recebido quase 39%.
O autarca, Steeve Briois, critica a paixão europeia do novo Presidente, dizendo que “com este tipo de discurso e filosofia, ele dirige-se contra uma parede porque para os franceses essa não é a prioridade de um Presidente da República”.
“Ele deve pôr em primeiro lugar a República Francesa e não o facto de ser um Estado-membro da União Europeia”, acrescentou
Mas no dia em que se celebra o fim de Segunda Guerra Mundial (8 de maio de 1945), o projeto europeu continua a fazer sentido para alguns.
A habitante Annette Blondel disse que “uma das coisas que mais critico na Frente Nacional é a sua atitude em relação à Europa, pelo que estou muito satisfeita com o resultado nacional”.
País fundador da União Europeia e parceiro privilegiado da Alemanha, a França terá de encontrar um equilíbrio, segundo o dono de um bar local.
“Vamos continuar a fazer parte da Europa e, portanto, a nossa política também passa pela União, mas não deve ser às nossas custas. Tem de ser equilibrada e boa para todos. Mas Macron fez questão de cantar o hino com a mão sobre o peito!”, afirmou Philippe Louchart.
Para o Partido Comunista, foi eleito o menor de dois males, tendo os militantes optado por Macron ou por votar branco e nulo.
O militante Noël Charles disse que “votámos no sentido de bloquear Le Pen, mas Macron não é o nosso candidato. O nosso candidato era Jean-Luc Melanchon. Não somos defensores do projeto da União Europeia mas também não queremos fechar as fronteiras”.
A integração europeia e o papel que nela terá a França vão continuar a dominar a campanha para as eleições legislativas, marcadas para 11 e 18 de junho.