Poderá o Brexit ser feito com o "modelo da Noruega"?
Formulamos as nossas opiniões sobre a legislação comunitária (...) e depois fazemos lóbi junto dos Estados-membros.
Escritor e líder organizacional, Noruega
Há países que não se sentam à mesa das cimeiras da União Europeia, mas tentam aproveitar o melhor do mercado único através do Espaço Económico Europeu. Esta área criada pelas instituições comunitárias alargou o mercado interno à Noruega, Islândia e Liechtenstein.
"O modelo da Noruega significa que o país faz plenamente parte do mercado interno, exceto nas pescas e agricultura, mas não está representado nos órgãos de decisão. Formulamos as nossas opiniões sobre a legislação comunitária adotada, transmitimo-las o mais cedo possível à Comissão Europeia e depois fazemos lóbi junto dos Estados-membros", explicou à euronews, Paal Frisvold, líder organizacional e autor do livro "Rumo à Europa, a história de uma Noruega relutante".
O chamado "modelo da Noruega" é muitas vezes mencionado como podendo servir os interesses do Reino Unido após o Brexit, quando deixará de ter assento no Conselho Europeu.
"Adotamos cada aspeto novo que chega da Europa, mas não somos um Estado-membro. Às vezes sentimos que somos uma espécie de cidadãos secundários na Europa, para dizer a verdade", acrescentou Paal Frisvold.
Os países associados têm de respeitar as chamadas quatro liberdades fundamentais: livre circulação dos bens, serviços, pessoas e capitais. Mas conseguem ter uma palavra a dizer, segundo Oda Helen Sletnes, embaixadora norueguesa para a União Europeia.
"Não estamos sentados à mesa quando se tomam as decisões, as trabalhamos de forma muito próxima com o Parlamento Europeu e com a Comissão Europeia. Temos peritos noruegueses destacados na Comissão e tentamos acompanhar as questões relevantes para nós numa fase muito inicial das propostas apresentadas pela Comissão", afirmou.
O governo britânico não tem mostrado interesse neste modelo ou em qualquer outro que a União Europeia já estabeleceu, mas não há muito espaço de manobra por parte de comunidade.
"Em que consistirá o acordo? Terá de haver um acordo político com base num novo modelo. Aposto que não será o do Espaço Económico Europeu, mas será algo bastante aproximado", referiu Paal Frisvold.