Julgamento de suspeito ligado ao genocídio no Ruanda

Julgamento de suspeito ligado ao genocídio no Ruanda
Direitos de autor 
De  Isabel Marques da SilvaAna LAZARO
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Fabien Neretsé enfrentou o primeiro dia do julgamento sobre o seu papel no genocídio de Ruanda, quinta-feira, num tribunal de Bruxelas. O ex-engenheiro nega ter denunciado o esconderijo de um grupo de tutsis assassinados por milícias hutu.

PUBLICIDADE

Fabien Neretsé enfrentou o primeiro dia do julgamento sobre o seu papel no genocídio de Ruanda, quinta-feira, em Bruxelas. O ruandês de 71 anos, que vivia em França, nega as acusações de ter denunciado o local onde se escondiam tutis, acabando 13 deles assassinados pelas milícias hutu, em 1994.

Entre eles estava uma cidadã belga casada com um ruandês e mãe de uma jovem. A irmã da vítima belga vê agora Neretsé responder por alegados crimes de guerra e genocídio.

"Havia um plano para o extermínio de todos os tutsis no país. Esse plano foi posto em prática e foi nesse contexto que essa família foi assassinada, juntamente com outras famílias que estavam no mesmo local", explicou Eric Gillet, um dos advogados da acusação.

Por seu lado, o advogado do ex-engenheiro agrónomo acusado nega que o seu cliente fizesse parte de algum plano premeditado para o que ocorreu há 25 anos, ao longo de três meses de massacres.

"Houve atos genocidas de ambos os lados. Mas o meu cliente, de acordo com a nossa tese, não pode ser processado com base no crime de genocídio. Além disso, ele é inocente, ele nega todos os fatos imputados", afirmou Jean Flamme, advogado de defesa de Fabien Neretsé.

Mais de 100 testemunhas

Martine Beckers nunca desistiu de tentar obter justiça para a família Bucyana, constituída pela sua irmã Claire, o cunhado Isaïe e a sobrinha Katia, que viviam no bairro de Nyamirambo, em Kigali, capital do Ruanda.

"Esta é uma situação muito desagradável de se viver. Mas estou nesta luta há muito tempo e quero terminá-la de maneira honrada", disse Martine Beckers à euronews.

O julgamento conta com mais de 100 testemunhas que serão ouvidas pelo juíz e por um grupo de jurados selecionado pelo tribunal.

O crime de genocídio no sistema criminal belga prevê prisão perpétua como pena máxima. A decisão judicial deverá ser conhecida até o final do ano.

Estima-se que 800 mil pessoas morreram durante o genocídio de Ruanda, a grande maioria delas do grupo étnico tutsi.

Um Tribunal Penal Internacional para o Ruanda que julgou altas patentes e políticos foi dissolvido em 2015.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

25° aniversário do genocídio no Ruanda: França abre os arquivos

Ruanda abre inquérito contra militares franceses suspeitos de envolvimento no genocídio de 1994

UE lança inquérito sobre aquisição de dispositivos médicos produzidos na China