UE vai tentar salvar acordo sobre migração com a Turquia

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De  Isabel Marques da Silva  & Stefan Grober
Um trabalhador de ONG distribui leite para crianças na fronteira entre a Turquia e a Grécia
Um trabalhador de ONG distribui leite para crianças na fronteira entre a Turquia e a Grécia   -  Direitos de autor  AP

A dificuldade da Grécia para receber as dezenas de milhares de refugiados que estão a sair da Turquia em busca de asilo na União Europeia é reconhecida pelo executivo europeu, na voz da comissária para os Assuntos Internos.

"Esta é, obviamente, uma situação muito séria e a Grécia precisa de todo o apoio da União Europeia, tanto da Comissão como dos outros Estados-membros", disse Ylva Johansson aos jornalistas, segunda-feira, em Bruxelas.

Os presidentes do Conselho, Comissão e Parlamento da União Europeia vão visitar a Grécia, terça-feira, para concretizar essa solidariedade.

Salvar acordo com Turquia

Já para com a Turquia, que passou das palavras aos atos numa antiga ameaça - com objetivo de ter o apoio europeu na sua ação militar na Síria -, haverá menos simpatia.

"Reconheço que a Turquia está numa situação difícil no que respeita aos refugiados e migrantes, mas aquilo a que estamos a assistir não pode ser uma resposta ou solução. Portanto, queremos estabelecemos um diálogo cada vez mais intenso com a Turquia", disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Estão previstas várias reuniões, em Bruxelas, com ministros dos Estados-membros mais diretamente envolvidos na política migratória e de segurança de fronteiras, para tentar salvar o acordo que pôs um travão ao fluxo de pessoas, cujo pico foi atingido em 2015.

"O acordo de março de 2016 sobre a migração está seriamente danificado", disse, à euronews,Marc Pierini, analista político no centro de estudos Carnegie Europe, em Bruxelas.

"Os gregos dizem que não querem processar mais casos, os turcos dizem que o acordo continua válido, mas ao mesmo tempo dizem querer uma solução totalmente diferente. Este acordo está seriamente em risco, neste momento. Não há razão para abandonar este acordo, porque a vida do sírios que já estão na Turquia é difícil e é necessário continuar a ajudá-los", acrescentou o analista.

A Turquia alberga 3,5 milhões de refugiados e aceitou um pacote de ajuda financeira de seis mil milhões de euros da União Europeia para manter essas pessoas dentro das suas fronteiras.