Turquia ignora avisos da UE sobre atividades no Mediterrâneo

Apesar dos avisos recentes da União Europeia sobre possíveis sanções, a Turquia regressou às ações controversas no mar Mediterrâneo: o navio de exploração de recursos energéticos Oruç Reis entrou numa zona marítima alvo de contenda com a Grécia, o que reacendeu a tensão com esse país, sendo que as partes estão, desde o verão, num dos piores momentos da relação bilateral.
O governo de Ancara tem ignorado repetidamente os apelos da União Europeia para não provocar a Grécia nem o Chipre, dois dos seus Estados-membros, havendo novas vozes a pedir sanções.
“Espero que não haja mais Estados-membros que considerem que isto não é grave, que não é importante. O facto é que a Turquia está presente, militarmente, no Mediterrâneo Oriental, na Líbia, na Síria e em Nagorno-Karabach. O que é que ainda esperamos para enviar um sinal de firmeza à Turquia?", questionou Nathalie Loiseau, eurodeputada liberal francesa, em entrevista à euronews.
"Apelo veementemente ao Conselho Europeu para deixar de ser ingénuo e passivo e que expresse em ações a sua propalada solidariedade com a Grécia e com Chipre. Estes atos devem ser sanções”, afirmou a eurodeputada.
Na cimeira da União Europeia, há duas semanas, o bloco ameaçou aplicar sanções se a Turquia não mudasse de comportamento.Tendo visitado a Grécia e o Chipre, o chefe da diplomacia da Alemanha, Heiko Maas, tenta manter a chama do diálogo acesa.
“Queremos manter os esforços das últimas semanas, dos últimos meses, para criar espaço para o diálogo sobre este assunto ao nível do Conselho da União Europeia. Para isso, precisamos de um ambiente de confiança e de responsabilidade. Os desenvolvimento dos últimos dias não nos permitem ter esse ambiente", reconheceu o ministro alemão.
NATO seria mais respeitada como mediador
Mas haverá outras estratégias que poderiam ser testadas para levar o presidente da Turquia a inverter o curso ofensivo? O analista político Soner Cagaptay, diretor do Programa de Investigação sobre a Turquia no Instituto Washington, pensa que a NATO pode ter um maior papel.
"Enquanto as iniciativas políticas sobre a zona do Mediterraneo Oriental continuarem a excluir a Turquia, a Turquia vai continuar a combater essas iniciativas. Para a Turquia, os elos mais fracos na cadeia são a Grécia e o Chipre. Penso que não será a União Europeia, mas a NATO que poderá ter um papel importante", explicou o analista.
"A Turquia encara a NATO como um grande árbitro, como uma potência neutra, da qual a Turquia e a Grécia são membros. Portanto, a NATO é vista como uma plataforma neutra, enquanto que a Turquia considera que a União Europeia é dominada pela França, mais inclinada a defender os governos de Atenas e de Nicósia", concluiu.
A agenda da cimeira da União Europeia menciona a análise de questões de política externa na sexta-feira, mas eventuais sanções deverão ser adiadas para a cimeira de inverno, em dezembro.