Em 2020, a polícia deportou as pessoas do acampamento 13 vezes e este ano é a segunda vez, pelo que a média é de uma operação mensal.
Os habitantes de um acampamento da comunidade cigana na cidade francesa de Lille participam mensalmente numa uma espécie de "jogo do gato e do rato". A polícia vai ao local confiscar os documentos de identificação dos cidadãos, oriundos na maioria da Roménia, e avisa-os de que não têm direito à residência.
Isso acontece frequentemente, aumentando a indignação entre a comunidade pela forma como são tratados pelas autoridades.
"Eles bateram à porta com força e pediram os cartões. Isso não está certo. Eu vim para cá para trabalhar, não para roubar ou fazer mal", contou um dos habitantes à euronews.
Membros de associações não-governamentais prestam apoio à comunidade que terá de passar a fronteira para a vizinha Bélgica, uma semana depois dessa visita.
Já em território belga, os cartões de cidadão são devolvidos pela polícia que não toma mais nenhuma diligência. Mas o episódio tem uma estranha reviravolta... poucos minutos depois, a comunidade regressa a França.
Dominique Plancke, advogado do coletivo solidário ROM, que lhes dá apoio, considera que é inaceitável fazer este jogo há uma década.
"É muito fácil para a autarquia chamar a guarda de fronteira para os expulsar. Vêm até ao acampamento onde as pessoas vivem, é muito fácil. Mas os ciganos são os únicos cidadãos da União Europeia a serem vítimas desse tipo de tratamento. Em França é comum dizer-se que não se executam as decisões sobre deportação, mas através dos ciganos romenos podem melhorar as estatísticas", disse Dominique Plancke.
Em 2020, a polícia deportou as pessoas do acampamento 13 vezes, e este ano é a segunda vez, pelo que a média é de uma operação mensal.
Uma prática sem sentido do ponto de vista legal ou da integração dos cidadãos que têm o direito de trabalhar num Estado-membro diferente do de origem.
“Seja como for, eles não imaginam o seu futuro noutro país. Estas deportações impedem a sua integração, as oportunidades de encontrarem trabalho”, acrescentou Dominique Plancke.
De novo na posse dos seus cartões de cidadãos da União Europeia, os membros da comunidade ficam a aguardar pela próxima encenação.