Polícia francesa faz "jogo do gato e do rato" com ciganos

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De  Isabel Marques da SilvaElena Cavallone
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Em 2020, a polícia deportou as pessoas do acampamento 13 vezes e este ano é a segunda vez, pelo que a média é de uma operação mensal.

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Os habitantes de um acampamento da comunidade cigana na cidade francesa de Lille participam mensalmente numa uma espécie de "jogo do gato e do rato". A polícia vai ao local confiscar os documentos de identificação dos cidadãos, oriundos na maioria da Roménia, e avisa-os de que não têm direito à residência.

Isso acontece frequentemente, aumentando a indignação entre a comunidade pela forma como são tratados pelas autoridades. 

"Eles bateram à porta com força e pediram os cartões. Isso não está certo. Eu vim para cá para trabalhar, não para roubar ou fazer mal", contou um dos habitantes à euronews.

Membros de associações não-governamentais prestam apoio à comunidade que terá de passar a fronteira para a vizinha Bélgica, uma semana depois dessa visita.

Já em território belga, os cartões de cidadão são devolvidos pela polícia que não toma mais nenhuma diligência. Mas o episódio tem uma estranha reviravolta... poucos minutos depois, a comunidade regressa a França.

Os ciganos são os únicos cidadãos da União Europeia a serem vítimas desse tipo de tratamento. Em França é comum dizer-se que não se executam as decisões sobre deportação, mas através dos ciganos romenos podem melhorar as estatísticas.
Dominique Plancke
Advogado, França

Dominique Plancke, advogado do coletivo solidário ROM, que lhes dá apoio, considera que é inaceitável fazer este jogo há uma década.

"É muito fácil para a autarquia chamar a guarda de fronteira para os expulsar. Vêm até ao acampamento onde as pessoas vivem, é muito fácil. Mas os ciganos são os únicos cidadãos da União Europeia a serem vítimas desse tipo de tratamento. Em França é comum dizer-se que não se executam as decisões sobre deportação, mas através dos ciganos romenos podem melhorar as estatísticas", disse Dominique Plancke.

Em 2020, a polícia deportou as pessoas do acampamento 13 vezes, e este ano é a segunda vez, pelo que a média é de uma operação mensal. 

Uma prática sem sentido do ponto de vista legal ou da integração dos cidadãos que têm o direito de trabalhar num Estado-membro diferente do de origem.

“Seja como for, eles não imaginam o seu futuro noutro país. Estas deportações impedem a sua integração, as oportunidades de encontrarem trabalho”, acrescentou Dominique Plancke.

De novo na posse dos seus cartões de cidadãos da União Europeia, os membros da comunidade ficam a aguardar pela próxima encenação.

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