Os especialistas em política comercial prevêem que os agentes se familiarizem em breve com os novos procedimentos por causa do Brexit, mas o Reino Unido poderá perder uma fatia do mercado.
Um conhecido supermercado de produtos britânicos na Bélgica está à beira de fechar portas. Não por falta de clientes, mas porque o Brexit criou um problema de abastecimento.
Colocar produtos nas prateleiras ficou quase impossível desde que foi assinado o novo acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia, muito por causa da nova burocracia.
“Existem 250 categorias de produtos que exigirão 250 tipos diferentes de documentos a serem apresentados na alfândega, quando importamos do Reino Unido para a Bélgica”, disse Ryan Pearce, gerente do Stonemanor, e entrevista à euronews.
Os produtos alimentares eram o prato forte do supermercado, mas agora são quase uma raridade. Apesar do governo britânico estar a dar algum apoio ao nível da informação, o gerente procurou ajuda na Irlanda.
“Na segunda-feira recebemos salsichas e bacon da Irlanda. Tivemos uma primeira entrega de um talho na Irlanda e esperamos que cheguem mais”, explicou Ryan Pearce.
**Mudar de fornecedor por algum tempo... ou para sempre? **
Os especialistas em política comercial prevêem que os agentes se familiarizem em breve com os procedimentos, mas o Reino Unido poderá perder uma fatia do mercado.
"Quando o cliente ou empresa pertencentes à União Europeia que estavam habituados a comprar mercadorias ao Reino Unido passam a ter de lidar documentos e custos adicionais, acabam por se dar conta que podem comprar produtos semelhantes e a melhor preço num país que continua a ser Estado-membro. Quando se muda o fornecedor, é improvável que esse cliente ou empresa volte a comprar ao Reino Unido no futuro", afirmou Anna Jerzewska, especialista em política comercial e fundadora da organização "Comércio e Fronteiras".
País vizinho, a Irlanda é um dos Estados-membros da União mais afetados pelo Brexit, e neste caso poderá beneficiar, segundo Shane Hamill, gestor de projetosno Conselho Alimentar da Irlanda.
"Esta é uma oportunidade de longo prazo para a Irlanda. Esperamos ver, nos próximos meses, uma maior presença de alimentos e bebidas irlandesa nas prateleiras das lojas europeias . Esta é o momento de aproveitar, após o Brexit", disse à euronews.
Resta saber até que ponto alguns negócios no continente europeu vão manter as portas abertas se perderem o caráter britânico que lhes deu fama e proveito.