Crise turística leva a rever política de habitação na UE

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De  Isabel Marques da SilvaElena Cavallone
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Entre janeiro de 2020 e janeiro deste ano, o número de alojamentos disponibilizados pelo operador Airbnb caiu cerca de 50% nas cidades europeias mais procuradas, incluindo em Lisboa, onde a disponibilidade baixou 35%.

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A pandemia de Covid-19 obrigou a algo que muitos poderes públicos europeus não conseguiram fazer no que respeita à regulação do alojamento local de curto prazo.

Há anos que este negócio turístico tem conduzido a preços incomportáveis para as famílias que querem fazer arrendamento de longa duração nas grandes cidades. O duro golpe no turismo, no último ano, obrigou o setor a adaptar-se.

“Muitos proprietários decidiram retirar o imóvel do mercado de alojamento de curto prazo e colocá-lo no mercado de arrendamento de longo prazo. Houve um aumento repentino na oferta de casas para arrendamento, em Itália, como não víamos há décadas. Os proprietários fizeram as contas e preferem ganhar um pouco menos ao longo do ano, desde que tenham um inquilino que lhes paga todos os meses", disse Mario Breglia, presidente do Instituto "Cenários Imobiliários", em Itália.

Entre janeiro de 2020 e janeiro deste ano, o número de alojamentos disponibilizados pelo operador Airbnb caiu cerca de 50% nas cidades europeias mais procuradas, incluindo em Lisboa, onde a disponibilidade baixou 35%.

Usar fundos da UE para criar mais habitação social

Esta realidade nem sempre tornou o mercado de arrendamento mais acessível para os residentes permamentes.

A União Internacional de Inquilinos sugere que mais países sigam o exemplo de Portugal, no que se refere a Lisboa, e de Espanha, no que toca a Barcelona.

Os governos da Península Ibérica vão usar verbas do fundo europeu de recuperação para ajudar os municípios a adquirirem ex-alojamento local para habitação social para as famílias.

"Temos agora uma enorme quantidade de dinheiro que será disponibilizada aos governos europeus para ajudar na retoma económica. Muitos deles vêem nisso a oportunidade de reformar o mercado imobiliário e usar o dinheiro da União Europeia para criar um setor de habitação sem fins lucrativos voltado para a o arrendamento de longo prazo mais acessível", afirmou Barbara Steenbergen, conselheira na União Internacional de Inquilinos.

Os governos encontraram algumas soluções excecionais e de curto prazo para as famílias que deixaram de poder pagar a renda durante a pandemia.

Mas a bancada da esquerda radical no Parlamento Europeu defende a revisão da legislação comunitária que impede o investimento público em habitação destinada a pessoas com rendimentos médios.

“Ao permitir investimento mais alargado na habitação social, haverá uma influência no mercado privado no sentido de uma baixa dos preços. Passará a haver maior disponibilidade de alojamento a preços moderados, pelo que será um bom instrumento de regulação", defendeu Leïla Chaibi, eurodeputada francesa deste grupo político.

A pandemia enfatizou a necessidade de enfrentar a crise imobiliária na Europa, sobretudo quando um dos métodos para a combater é decretar confinamentos no domicílio, com maior recurso a teletrabalho e educação por sistema remoto.

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