União Europeia quer reduzir as emissões de dióxido de carbono em pelo menos 55% até 2030, com base nos valores de 1990.
Alcançar a neutralidade carbónica até 2050 e uma redução de pelo menos 55% nas emissões de dióxido de carbono até 2030, com base nos valores de 1990, esta é a essência do acordo alcançado entre as instituições europeias para a Lei Europeia do Clima.
Apesar das indústrias europeias produtoras de carbono já terem há vários anos antecipado a transição verde, os novos objetivos traçados pela União Europeia vão obrigar a esforços adicionais como explica o diretor de política da organização Airlines For Europe.
"Os novos alvos e linhas de orientação acordados a nível europeu são sinais de que é preciso acelerar os esforços na investigação, na eficiência, assim como na importância de uma abordagem sectorial com vista à descarbonização. A tarefa que temos em mãos é tão grande que ninguém pode atuar de forma isolada", afirma Laurent Donceel.
A necessidade de cooperação entre as várias indústrias é essencial.
Por exemplo, para as companhias aéreas a redução de emissões passa por uma melhor eficiência dos combustíveis utilizados, algo em que a indústria europeia da refinação já está a trabalhar.
"Desde antes do Acordo de Paris que sabemos que o consumo de petróleo terá que diminuir e a política europeia reflete isso de forma muito clara. A nossa resposta é encontrar novas formas de produzir combustíveis líquidos sem petróleo. Sabemos que muito do petróleo utilizado será substituído por eletrificação e hidrogénio mas nem todo, em particular na aviação, transportes marítimos e transportes rodoviários que terão que utilizar um combustível líquido produzido de forma renovável e sem petróleo", adianta John Cooper, diretor-geral da Fuels Europe.
Representantes industriais sublinham que os novos objetivos do clima precisam de ser traduzidos em medidas concretas para cada sector.
Trata-se de um desafio considerável mas necessário para se alcançar a neutralidade carbónica.
No entanto, há quem rejeite os novos alvos europeus.
Para a organização ambiental Greenpeace, o novo acordo europeu é "vazio" e os objetivos não são suficientemente robustos.
"Por um lado temos o que a ciência requer que é uma redução das emissões de pelo menos 65% até 2030 se quisermos evitar os piores impactos das alterações climáticas. Por outro lado temos os objetivos europeus de reduções até 2030, ou seja 55% líquidos o que se traduz nuns meros 52,8%, por isso, longe dos objetivos traçados pela ciência", defende Silvia Pastorelli, ativista do clima da organização Greenpeace UE.
De referir que a diferença entre os alvos de redução de emissões está relacionada com a inclusão dos chamados "depósitos de carbono" nos cálculos europeus. Estes contabilizam elementos naturais como as florestas que ajudam a guardar dióxido de carbono.