As metas do pacote legislativo "Fit for 55" são viáveis?

Access to the comments Comentários
De  Euronews
As metas do pacote legislativo "Fit for 55" são viáveis?
Direitos de autor  Scott Sporleder/SporlederaArt @SPOART

Reduzir as emissões de carbono em 55% até 2030 - em relação aos níveis de 1990 - é a meta da Comissão Europeia. De que forma? Revendo as leis europeias do clima e energia e tornando-as legalmente vinculativas, para que os Estados-membros cumpram.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável fala de um plano tão ambicioso como desafiante.

"Depois do compromisso vem a legislação e chega, também, a obrigação legal de agir por parte dos Estados-membros, para dar uma forte capacidade para a União Europeia liderar a discussão no caminho para a neutralidade carbónica. Penso que é uma espécie de 'obra-prima'", sublinhou Francesco La Camera, em entrevista à jornalista da Euronews Méabh McMahon.

Méabh McMahon, Euronews - Neste momento há uma proposta, mas o desafio será a implementação no terreno por parte dos Estados-membros. Quais é que podem ser os países mais complicados?

Francesco La Camera, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável - Naturalmente, existem Estados-membros onde ainda existe uma grande presença de combustíveis fósseis, carvão e linhito. Aí os desafios são mais fortes. Também é um desafio para países como a Alemanha decidir sair do nuclear.

Méabh McMahon, Euronews - Quando se trata da questão da energia nuclear, a Comissão Europeia ainda não tem certeza sobre como a definir na sua taxonomia, o chamado sistema de rotulagem sustentável.

Francesco La Camera, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável - Não acredito que exista qualquer empresa privada que esteja disposta a investir em energia nuclear hoje. Naturalmente, pensamos que a pesquisa e inovação ainda são importantes, mas neste momento particular, nesta década, não vejo um papel muito importante para o nuclear.

Méabh McMahon, Euronews - E em relação ao hidrogénio? Neste momento há muito debate sobre o hidrogénio, especialmente entre o setor de combustíveis fósseis. É realmente verde e realmente limpo?

Francesco La Camera, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável - Antevemos que o hidrogénio seja 70% verde em 2050 e 30% azul. Acreditamos que, numa certa e particular realidade, em que a economia está tão dependente do gás, se não quisermos destruir a economia, temos de permitir o uso de gás e plástico para produzir hidrogénio. Naturalmente, a longo prazo, o hidrogénio verde será o mais competitivo, não apenas o mais limpo.