Parlamento Europeu organizou conferência de alto nível "Dias das Mulheres Afegãs"
Mary Akrami, Shaharzad Akbar, Zarifa Ghafari e Anisa Shaheed foram figuras de destaque na conferência de alto nível "Dias das Mulheres Afegãs", organizada pelo Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O evento teve como objetivo reunir mulheres afegãs finalistas do prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2021, eurodeputados, representantes da Comissão Europeia, da Organização das Nações Unidas e de outras organizações internacionais.
Serviu para esclarecer a situação do povo afegão, principalmente das mulheres e jovens, que se sentem completamente abandonadas pelo Ocidente desde que os talibãs assumiram o poder, em agosto do ano passado.
Sima Samar lamentou a falta de apoio da comunidade internacional. "Infelizmente, uma vez mais, abandonaram-nos e no Afeganistão há uma crise humanitária e está em curso uma catástrofe", referiu a defensora dos direitos das mulheres afegãs.
Por outro lado, Habiba Sarabi, ativista e ex-membro da equipa de negociação de paz do Afeganistão, acrescentou: "Infelizmente, o Afeganistão foi sempre um campo de batalha e uma espécie de campo de teste para as grandes potências. Os afegãos é que estão a pagar o preço."
Esse preço traduz-se numa economia em colapso, em sofrimento humano e tragédia para as mães que têm de dizer às filhas como é viver sob um regime de repressão.
"Penso que não se trata apenas das minhas filhas, trata-se de milhões de outras filhas, de homens e mulheres num país sem futuro, a viver sob um governo que é conhecido por ser um apartheid de género", sublinhou a ativista Horia Mosadiq.
Mas além de dar apoio humanitário e de servir de plataforma para destacar estas mulheres, o que é que a Europa pode fazer mais?
"Continuar a envolver-se com diversos grupos de afegãos, dentro e fora do Afeganistão,e continuar a tentar criar espaço para que as mulheres possam protestar sem serem detidas, violadas e mortas", ressalvou Shaharzad Akbar, presidente da Comissão Independente de Direitos Humanos no Afeganistão.
O futuro passa igualmente por assegurar que a crise no Afeganistão e as lutas diárias das mulheres e meninas não sejam normalizadas nem caiam no esquecimento.