Bruxelas quer cortar dependência de gás russo. Itália já toma medidas

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De  Pedro Sacadura
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Comissão Europeia propõe diversificar fontes de abastecimento e acelerar transição verde, mas o processo não se adivinha fácil

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Para Bruxelas, chegou a hora de passar das palavras aos atos e de cortar com a ligação umbilical ao gás russo. A Comissão Europeia apresenta, esta terça-feira, planos para reduzir em 80% a dependência dos combustíveis fósseis oriundos do país (gás, petróleo e carvão) antes de 2030.

A revisão da estratégia energética da União Europeia surge numa altura em que a ofensiva russa avança na Ucrânia e em que o bloco comunitário se parece afundar, cada vez mais, num beco sem saída neste campo.

Na prática, enquanto impõem sanções pesadas contra a Rússia, os países europeus continuam a comprar gás do país, uma preciosa fonte de rendimento para Moscovo poder financiar a guerra.

Para fazer face a este problema, as propostas da Comissão Europeia passam por encontrar outros fornecedores globais de confiança - diversificando fontes de abastecimento - mas também por acelerar a transição "verde", os investimentos para antecipar a passagem para as energias limpas e por promover a eficiência energética, em linha com as metas já estabelecidas pelo Pacto Ecológico Europeu.

Por outro lado, o executivo comunitário deverá também recomendar aos Estados-membros para iniciarem um processo de armazenamento de níveis obrigatórios de gás, para dar resposta às necessidades do próximo inverno e compensarem fragilidades entre si.

Apesar de ser mais fácil falar do que fazer, alguns Estados-membros, como Itália, começaram a dar os primeiros passos para reduzir a dependência energética da Rússia, como sublinhou o primeiro-ministro de Itália, que se encontrou hoje com a presidente da Comissão Europeia, em Bruxelas, para discutir, entre outras questões, o dossier energético".

"Diversificação, reorganização e compensação, para proteger cidadãos e empresas. Itália está a trabalhar para reduzir o mais rápido possível a dependência do gás russo. No sábado, conversei por telefone com o emir [Tamim bin Hamad] Al Thani, do Catar, com quem discuti, em particular, como fortalecer a cooperação energética entre nossos países".
Mario Draghi
Primeiro-ministro de Itália

Apoiar as famílias e empresas

Na linha da frente da crise energética que se arrasta há meses e que agora se tem vindo a agravar por causa da guerra na Ucrânia estão empresas e famílias europeias asfixiadas com a subida galopante dos preços.

Para o investigador Simone Tagliapietra, do Instituto Bruegel de Bruxelas, é essencial a criação de um mecanismo para amortecer o impacto de toda a turbulência.

"A curto prazo, os cidadãos, as empresas serão muito afetados e - realmente - já estão a ser muito afetados com toda esta situação. É preciso lembrar que os preços elevados da energia já se prolongam há muito tempo, há vários meses. (...) Penso que precisamos de um novo instrumento europeu, porque diferentes países serão afetados de forma diferente. Há países mais expostos ao gás russo, que sofrerão mais do que outros que não estão tão dependentes ou que não dependem, de todo, do gás da Rússia".

A Rússia tem fornecido cerca de 40% do gás natural do bloco europeu. Libertar a União Europeia desta relação de dependência não se adivinha fácil, e sairá, certamente, caro aos consumidores e empresas.

O custo da guerra nos preços da energia na Europa foi estudado pela Euler Hermes. A empresa antevê um aumento de pelo menos 30% nas faturas energéticas em 2022.

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