O processo de adesão do país à União Europeia deverá ser demorado. O assunto esteve em cima da mesa na cimeira de líderes da União Europeia em Versalhes. No encontro também ficou claro que o futuro do bloco em matéria energética passa pela autonomia em relação à Rússia
A Ucrânia faz parte da família europeia, mas quanto a entrar pela fila rápida para o clube dos 27 Estados-membros a conversa é outra.
Reunidos em em Versalhes, numa cimeira informal de dois dias, os líderes europeus manifestaram-se a favor de abrir a porta a um novo membro, mas que não restem dúvidas: o processo pode demorar anos e não se aceitam atalhos.
A energia, defesa e a possibilidade de um novo fundo de recuperação económica estiveram em cima da mesa no segundo dia da cimeira de chefes de Estado e de Governo. Ficou claro que o futuro da União Europeia passa por ter mais autonomia energética em relação à Rússia, que não vê com bons olhos o facto de a Ucrânia cortejar o bloco europeu.
"Os pedidos de adesão da Ucrânia à União Europeia são expressões de soberania nacional, da vontade do país e do direito de escolher o próprio destino. Hoje abrimos o caminho para a Ucrânia chegar até nós. Eles fazem parte da família europeia", sublinhou, em conferência de imprensa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A dependência dos combustíveis fósseis russos é uma pedra no sapato dos 27. É difícil de descalçar no curto prazo, até porque neste campo a União Europeia está à mercê do país que tenta, ao mesmo tempo, castigar com pesadas sanções.
O corte da ligação vai doer - admitem os líderes europeus - mas o bloco comunitário já está à procura de alternativas.
"O REPowER EU é um plano para diversificar os fornecedores da União Europeia e mudar para as energias renováveis. Em meados de maio, apresentaremos uma proposta para dar resposta à nossa dependência do gás, petróleo e carvão russos até 2027, apoiados pelos recursos nacionais e europeus", acrescentou Ursula von der Leyen.
Em relação ao apoio militar à Ucrânia, os líderes europeus concordaram doar 500 milhões de euros suplementares para financiar armas para os ucranianos que combatem no terreno. O dinheiro vem do Fundo Europeu de Apoio à Paz.
"Países que até agora tinham uma tradição de neutralidade à mesa - estou a pensar na Suécia - decidiram, pela primeira vez em muitas décadas, participar neste apoio concreto à Ucrânia", lembrou o presidente francês, Emmanuel Macron.
Os líderes deixaram claro que há possibilidade de novas se avançar com sanções adicionais contra a Rússia a par das investigações sobre crimes de guerra por parte do regime do presidente Vladimir Putin.