Ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica reúnem-se, num encontro de dois dias, em Bruxelas
O secretário-geral da NATO diz que a Aliança Atlântica não tem "indícios" de que o presidente russo, Vladimir Putin, tenha abandonado a "ambição" de controlar a Ucrânia.
Jens Stoltenberg manifestou-se na chegada à reunião, de dois dias, dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, que hoje arrancou em Bruxelas.
Insistiu que Moscovo prepara uma ofensiva no leste da Ucrânia, destinada ao controlo de toda a região do Donbass.
"Vemos que a Rússia está a retirar as forças do norte da Ucrânia para reforçá-las, reabastecê-las, rearmá-las e movê-las para o leste, onde esperamos um grande ofensiva. O objetivo do presidente Vladimir Putin é tentar controlar toda a região do Donbass e estabelecer uma conexão terrestre entre o Donbass e a Rússia," disse Stoltenberg.
Por outro lado, lembrou que, face às circunstâncias, é preciso preparação para o longo prazo.
"Temos de ser realistas e perceber que isto pode durar muito tempo, muitos meses, ou até anos. E é por isso que também precisamos de estar preparados para o longo prazo, quer quando se trata de apoiar a Ucrânia, como de sustentar sanções e reforçar as nossas defesas", acrescentou.
O encontro acontece no rescaldo das alegadas execuções de civis cometidas por tropas russas em Bucha e em outras localidades nos arredores de Kiev. A Rússia recusa as acusações.
Esta quinta-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança contam com a presença do chefe da diplomacia da Ucrânia, que se vai juntar, fisicamente, à reunião.
Na bagagem Dmytro Kuleba deverá trazer o pedido de mais equipamento antiaéreo.
Os aliados deverão avaliar as necessidades imediatas da Ucrânia e decidir dar, por exemplo, mais armas antitanque ou sistemas de defesa aérea, além de aumentar a assistência humanitária e a ajuda financeira.
Stoltenberg ressalvou que a guerra "mudou a realidade da segurança na Europa para muitos anos." Uma visão partilhada por Michael Kimmage, professor de História da Universidade Católica da Amércia, que comentou o assunto, em entrevista à Euronews: "penso que uma nova Guerra Fria é uma previsão razoável em relação a como será a Europa. Haverá uma natureza de soma zero para o conflito e este será duradouro como aconteceu com a Guerra Fria. Tudo passará a ser definido em termos da competição entre a Europa com a Aliança Atlântica e a Rússia. Isso afetará a segurança, certamente da Geórgia e do Cáucaso do Norte, da Moldávia, e sem dúvida também a segurança da Ucrânia. É possível que a Rússia possa perder esta guerra e nesse caso não haveria uma Guerra Fria. Veríamos uma Rússia mais fraca, mas certamente com queixas e revolta em relação à Europa."
Esta quinta-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica também vão discutir o que fazer para ajudar mais parceiros vulneráveis à ameaça russa, como a Geórgia e a Bósnia-Herzegovina.