UE acusa Rússia de "chantagem" por cortar gás à Polónia e Bulgária

Presidente da Comissão Europeia recebeu com indignação anúncio de cortes no fornecimento de gás à Polónia e Bulgária
Presidente da Comissão Europeia recebeu com indignação anúncio de cortes no fornecimento de gás à Polónia e Bulgária Direitos de autor Kenzo Tribouillard, Pool Photo via AP
De  Pedro SacaduraMéabh Mc Mahon
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Comissão Europeia considera decisão "injustificada e inaceitável." Moscovo ameaça avançar com mais cortes se outros Estados-membros recusarem fazer pagamentos em rublos

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"Um ato de chantagem." É a leitura que Bruxelas faz da decisão da empresa estatal russa Gazprom em avançar com cortes no fornecimento de gás por falta de pagamento em rublos.

A Polónia e à Bulgária, países que apoiam a Ucrânia, foram os primeiros alvos, esta quarta-feira.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tentou acautelar qualquer nervosismo, assegurando o envio de gás a partir de outros Estados-membros, para que os consumidores não sejam ainda mais asfixiados.

"Não é surpresa nenhuma que o Kremlin recorra aos combustíveis fósseis para nos tentar chantagear. É uma coisa para a qual a Comissão Europeia se tem vindo a preparar, em estreita coordenação e solidariedade com os Estados-Membros e parceiros internacionais", sublinhou Ursula von der Leyen.

Quer a Polónia quer a Bulgária recusaram curvar-se às exigências da Gazprom. Os primeiros-ministros dos dois países não se mostraram intimidados e dizem ter alternativas viáveis. O chefe do executivo búlgaro, Kiril Petkov, acusou, também, a gigante estatal russa de "uma grave violação do contrato."

Sobre esse assunto, a presidente da Comissão Europeia acrescentou que os Estados-membros que fizerem pagamentos em rublos violarão as sanções da União Europeia contra a Rússia que estão em vigor.

De acordo com a Bloomberg, várias empresas do bloco capitularam às exigências da Rússia.

"Se isto não está previsto nos contratos, é uma violação das nossas sanções. Cerca de 97% dos contratos de empresas e de países europeus estipulam explicitamente que o pagamento deve ser feito em euros ou dólares", insistiu von der Leyen.

O Kremlin já fez saber que haverá mais cortes, caso outros Estados-membros recusem pagar o gás em rublos.

Martin Vladimirov, do Centro para o Estudo da Democracia, diz que faz tudo parte da estratégia de contra-ataque de Moscovo às sanções impostas pelo bloco comunitário: "o derradeiro objetivo não é punir a Bulgária ou a Polónia, que são pequenos consumidores de gás. Trata-se de mudar o pensamento dos países mais vulneráveis à manipulação do gás russo. São países como a Alemanha e Itália, que são os mais dependentes do gás na Europa, e isso determina a estratégia europeia geral em relação à Rússia."

O eurodeputado búlgaro Andrey Kovatchev, do grupo do Partido Popular Europeu, ressalvou que a **Rússia **está a intensificar o braço-de-ferro com o Ocidente.

Apontou o dedo a uma abordagem europeia débil ao longo de duas décadas.

"Somos muito lentos. Isso significa que a dependência da Rússia precisa parar. Uma coisa boa da decisão da Rússiaem cortar o gás à Polónia e à Bulgária talvez seja o fato de acordamos e entendermos que também podemos resistir sem a Rússia. Podemos encontrar as nossas fontes confiáveis sem a Rússia e garantir o nosso mix energético, porque essas fontes estão a ser usadas para fins políticos, geopolíticos e militares", disseKovatchev.

Enquanto isso, os embaixadores da União Europeia discutiram, esta quarta-feira, um sexto pacote de sanções contra a Rússia.

Poderão ser aprovadas na próxima semana, com um embargo ao petróleo e ao gás russo em cima da mesa. Um assunto que é tudo menos consensual.

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