Comissão Europeia diz que apesar do impacto, a suspensão não representa uma ameaça "imediata" de segurança de abastecimento de gás natural para o bloco
A decisão da Ucrânia, de interromper o fluxo de gás natural russo com destino à Europa através de um ponto de trânsito no leste de país (Sokhranivka), despertou o fantasma de um agravamento da crise energética no bloco comunitário.
Por essa área estratégica passa cerca de um terço do volume total do gás que ruma à Europa.
A empresa estatal ucraniana Naftogaz anunciou, esta terça-feira, a suspensão, culpando Moscovo pelo passo e dizendo que os fluxos seriam transferidos para outra passagem a norte, em Sudzha, de modo a "cumprir plenamente as obrigações de trânsito com os parceiros europeus."
A Naftogaz invocou não poder controlar o território ocupado por forças russas e a interferência em processos técnicos.
Desde o início da invasão russa, a Ucrânia continuou a ser uma importante rota de trânsito do gás russo para a Europa.
A gigante russa Gazprom disse ser "tecnicamente impossível" redirecionar os volumes para outro ponto como propôs a GTSOU, operadora ucraniana de gasodutos.
Já esta quarta-feira, a GTSOU disse que a Gazprom "parou de fornecer gás" ao ponto de trânsito de Sokhranivka.
Para já pelo menos, dizem os especialistas, os mercados não reagiram mal à disrupção.
"Tanto a Áustria como a Alemanha indicaram que não foram significativamente afetados pela interrupção. Se olharmos para o preço do gás natural europeu, estava em queda. Este é um sinal de que os traders não estão a considerar isto um grande acontecimento. No entanto, é um sinal de que os riscos de infraestrutura na Ucrânia representam um problema para os abastecimentos russos com destino à Europa. Além disso há outro risco, que é, como sabemos, a questão relacionada com o pagamento dos fornecimentos de gás russo em rublos por parte das empresas europeias", explicou, em entrevista à Euronews, Simone Tagliapietra, investigador do think tank Bruegel.
A Comissão Europeia disse à Euronews que a Ucrânia é um parceiro de confiança e que o problema se deve à invasão russa.
Mas Bruxelas acrescenta que "embora os desenvolvimentos possam ter um impacto em parte do trânsito de gás para a União Europeia (UE), não trazem um problema imediato de segurança de abastecimento para a UE”.
Resta saber até quando, até porque a União Europeia está fortemente dependente do gás natural russo.
O país fornece quase 40% do gás para o bloco europeu e qualquer impacto abrupto afetará, e muito, o bolso dos europeus.