União Europeia antecipa vagas migratórias provocadas pela crise alimentar

Comissária europeia com a pasta do Assuntos Internos, Ylva Johansson, na reunião semanal do Colégio de Comissários na sede da UE em Bruxelas, a 27 de abril de 2022
Comissária europeia com a pasta do Assuntos Internos, Ylva Johansson, na reunião semanal do Colégio de Comissários na sede da UE em Bruxelas, a 27 de abril de 2022   -  Direitos de autor  Kenzo Tribouillard/AFP or licensors
De  Euronews

Comissão Europeia entende que a situação pode provocar instabilidade em vários países e fazer disparar as migrações

A crise alimentar e o aumento dos preços da energia podem provocar instabilidade em alguns países e precipitar novas vagas migratórias para o bloco dos 27, alertou a Comissão Europeia.

Ylva Johansson, a comissária europeia com a pasta dos Assuntos Internos, disse esta segunda-feira, após uma reunião informal de ministros em Praga, que as tensões provocadas pela crise alimentar e o forte aumento nos preços da energia "podem levar a outras situações de insegurança como países instáveis, grupos terroristas mais fortes e grupos criminosos organizados reforçados."

"Isso significa que as pessoas se podem encontrar numa situação em que não se sentem seguras para permanecer no seu país e procurar mudar. Claro que isso é um grande desafio", acrescentou.

Por causa da guerra da Rússia na Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro, milhões de toneladas de cereais normalmente exportados para todo o mundo estão agora presos em silos ucranianos.

Os cereais da Ucrânia alimentavam cerca de 400 milhões das pessoas mais vulneráveis ​​do mundo antes da guerra e a falta de exportações fez com que os preços subissem nos mercados globais. O preço do trigo está agora cerca de 30% mais alto do que em igual período do ano passado e cerca de 14% mais alto do que no início do ano.

A Organização das Nações Unidas alertou no mês passado que cerca de 1,6 mil milhões de pessoas em 94 países estão agora expostas a crises alimentares, de energia ou finanças que foram severamente exacerbadas pela guerra na Ucrânia. A ONU acrescentou que cerca de 1,2 mil milhões de pessoas vivem em países que estão numa situação de “tempestade perfeita”, severamente vulneráveis ​​às três crises.

Além disso, referiu a organização, o número de pessoas com insegurança alimentar grave, que dobrou nos últimos dois anos, de 135 milhões para 276 milhões devido à pandemia, pode aumentar para 323 milhões.

A crise do custo de vida, ressalvou a ONU, pode desencadear um "ciclo de agitação social levando à instabilidade política".

Johansson garantiu que atualmente é impossível prever quantas pessoas podem tentar chegar à União Europeia em resposta à crise, mas que o trabalho de preparação está em andamento.

"Estamos a trabalhar em planos de contingência para o caso de muito mais pessoas virem para a União Europeia, para perceber se estamos bem preparados para isso. Em segundo lugar, é claro, tentamos evitar que isso aconteça e é por isso que é tão importante estar em contacto com os países parceiros", lembrou.

Bruxelas vai, por exemplo, assinar uma parceria operacional anticontrabando com o Níger para apoiar o país e ajudar a estabilizá-lo, referiu a comissária, sublinhando que "não devemos esperar até que tenhamos uma crise na nossa fronteira. Também precisamos de chegar (aos países terceiros) antecipadamente."

Notícias relacionadas

Hot Topic

Saiba mais sobre

Guerra na Ucrânia