Itália: saída de Draghi desperta muitas perguntas no seio da UE

Teme-se que o sucessor de Mario Draghi possa ser pró-Kremlin em pleno contexto de confronto entre a UE e a Rússia
Teme-se que o sucessor de Mario Draghi possa ser pró-Kremlin em pleno contexto de confronto entre a UE e a Rússia Direitos de autor Giuseppe Lami/LaPresse ANSA
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De  Ana LAZARO
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Demissão do primeiro-ministro de Itália faz temer clima de instabilidade crescente

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A saída de Mario Draghi do governo italiano desperta muitas perguntas na União Europeia.

Conhecido como "Super Mario", salvou a zona euro. Mostrou-se "pronto para fazer o fosse preciso", quando esteve à frente do Banco Central Europeu.

Por outro lado, como primeiro-ministro de Itália, foi uma força de estabilidade para fazer frente à pandemia de Covid-19 e à crise energética.

No entanto, na frente doméstica, não sobreviveu à crise interna e, neste momento, são mais as perguntas do que as respostas sobre o futuro do país.

"Será o próximo governo capaz de implementar o tipo de reformas que Itália precisa de fazer para continuar a receber dinheiro do Fundo de Recuperação e Resiliência? É um grande ponto de interrogação. Será que Itália vai ter um governo capaz de negociar acordos sobre questões como tetos para os preços da energia? Outra grande interrogação. E será que Itália vai ter um governo que vai tranquilizar suficientemente os mercados para viabilizar o que está a ser decidido pelo Banco Central Europeu em termos de anti-fragmentação? Outra grande pergunta", sublinhou, em entrevista à Euronews, Nathalie Tocci, diretora do Instituto Italiano de Assuntos Internacionais.

Outra dúvida prende-se com o papel de Itália na resposta à invasão russa da Ucrânia.

Sob a batuta de Draghi, o país posicionou-se a favor das sanções contra Moscovo.

Mas Itália tem uma forte dependência da energia russa e teme-se que o sucessor de Draghi tenha uma abordagem pró-russa.

Nathalie Tocci diz que é importante "não dramatizar demais as coisas."

"Digo isto porque penso que os dois partidos que provocaram realmente a queda do governo, ou melhor, os três partidos, dois dos quais a Liga e o Movimento Cinco Estrelas, têm laços muito estreitos com o Kremlin. Mas esses são os partidos que provavelmente não vão se sair muito bem nas próximas eleições. Então, mesmo no caso do que provavelmente será um governo de direita, não significa necessariamente que Itália vai questionar o posicionamento europeu e euro-atlântico", acrescenta.

Além fronteiras, a turbulência política em Itália é motivo de alarme.

Afinal de contas é a terceira maior economia da UE, sob pressão com inflação recorde e o risco de escassez de energia.

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