"Bazuca" alemã contra crise energética não gera consenso na UE

Alemanha diz que pacote de ajuda às famílias e empresas de 200 mil milhões de euros é proporcional ao "tamanho e vulnerabilidade da economia"
Alemanha diz que pacote de ajuda às famílias e empresas de 200 mil milhões de euros é proporcional ao "tamanho e vulnerabilidade da economia" Direitos de autor Michael Sohn/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved
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Bruxelas quer mecanismo europeu de empréstimos para apoiar famílias nos 27

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Os planos do governo alemão para reativar um fundo de estabilização económica de 200 mil milhões de euros para ajudar famílias e empresas a fazer frente à crise energética está longe de gerar consenso na União Europeia (UE).

O assunto esteve hoje em cima da mesa na reunião dos ministros da Economia e Finanças da UE, no Luxemburgo.

Há quem acuse a Alemanha de usar o poder económico para resgatar os próprios negócios, em vantagem relativamente a outros Estados-Membros. Vários países questionam também se este pacote viola as regras europeias em matéria de ajudas estatais.

Uma ideia que não passou ao lado do comissário europeu com a pasta da Economia. Paolo Gentiloni defende a criação de um mecanismo europeu temporário, assente em empréstimos em condições favoráveis, para os 27 ajudarem as famílias e empresas, como aconteceu durante a pandemia de Covid-19.

"Se queremos evitar a fragmentação e enfrentar esta crise, acho que precisamos de um nível mais alto de solidariedade e precisamos colocar em prática mais algumas ferramentas comuns", sublinhou Gentiloni, esta terça-feira.

Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, saiu em defesa da "bazuca" que funciona como um "escudo protetor." Diz que as medidas são justificadas, mas de Berlim também chegam pedidos para que se tenha em conta o peso e vulnerabilidade da economia alemã.

"Talvez nem todos tenham percebido imediatamente, mas as medidas que estão a ser postas em marcha são medidas de apoio financeiro em 2023 e 2024. Não são apenas para um pequeno período de tempo deste ano", lembrou Scholz.

O plano alemão, cujos detalhes ainda não foram divulgados, pode, em princípio, não diferir dos adotados por outros países, como Espanha e Portugal nos últimos meses.

No entanto, o tamanho do pacote de ajuda - 200 mil milhões de euros - vai ultrapassar todas as outras medidas tomadas a nível nacional.

"Vejo um grande risco de fragmentação, porque o subsídio de 200 mil milhões de euros é basicamente uma quantia enorme de dinheiro, que cria grandes vantagens para empresas e consumidores alemães que outros países não podem oferecer. Por isso, há uma vantagem competitiva para as empresas alemãs que vai contra o espírito do mercado único", ressalvou, em entrevista à Euronews, Philipp Lausberg, analista do European Policy Centre.

Segundo Lausberg, o "escudo protetor" alemão poderia afetar toda a economia europeia, levar, eventualmente, a uma corrida de subsídios entre os países da UE e a uma nova crise da dívida. Um cenário, insistiu, que ninguém quer e que também sairia caro à Alemanha.

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