UE e EUA tentam evitar guerra comercial por causa de subsídios

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem apostado em revitalizar a indústria de alta gama e os interesses norte-americanos com apoios estatais, mas tal estratégia criou sérios atritos com os aliados europeus.
A "Lei de Redução da Inflação" vai subsidiar tecnologias mais ecológicas e inovadoras, desde os carros eléctricos até à produção de energia a partir de fontes renováveis.
Um pacote de mais de 350 mil milhões de euros de apoios, que deixou a União Europeia (UE) em alerta, por recear perder fatias deste mercados.
O executivo comunitário acusa Washington de subverter as regras do comércio internacional: "Aquilo que estamos a pedir é equidade. Queremos e esperamos que as empresas e exportações europeias sejam tratadas nos EUA da mesma forma que as empresas e exportações norte-americanas são tratadas na Europa", disse Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, numa conferência de imprensa, em Bruxelas.
Exceções para europeus?
A lei em causa vai entrar em vigor em janeiro de 2023. Um grupo de trabalho que junta peritos europeus e norte-americanos tem vindo a negociar possíveis exceções para as empresas europeias
Apesar do diálogo em curso há várias semanas, não houve ainda acordo. Caso os EUA não sejam mais acomodativos, a UE poderá responder na mesma moeda, mas com cautela, defende um analista.
"A última coisa que queremos agora, a coisa mais estúpida, seria iniciar uma guerra comercial, porque estamos numa posição fraca. Essa é a realidade objetiva", disse Jacob Kirkegaard, analista no centro de estudos German Marshall Fund, em entrevista à euronews.
"Em vez disso, penso que poderia haver medidas direcionadas e limitadas para permitir aos governos europeus fazerem uma utilização menos restritiva dos subsídios públicos para a transição ecológica. Isso permitiria que a transição fosse mais rápida e poderia ajudar as empresas europeias a terem forte capacidade de competição", acrescentou Kirkegaard.
No entanto, tais contramedidas europeias são politicamente perigosas, uma vez que a UE está muito dependente dos EUA.
É do outro lado do Atlântico que vem muito gás natural liquefeito para fazer face à crise energética, bem como armas para ajudar o governo ucraniano a defender-se da Rússia.