Alguns países europeus pedem desculpas pelo passado colonial

O primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, apresentou um pedido de desculpas formal pelo papel do seu país no comércio de escravos.
Almaz Teffera, investigadora sobre o racismo na Europa para a Human Rights Watch, descreveu-o como "um primeiro passo importante" que "também abrirá o caminho para a responsabilização dos Países Baixos" e que funciona como uma espécie de "cura para os descendentes de pessoas escravizadas".
Teffera diz que "este pedido de desculpas chega 150 anos depois da abolição da escravatura, mas é um sinal de que as coisas vão mudar e que é uma mudança que precisa agora de se traduzir em ações".
"Para que um pedido de desculpas vá tão longe realmente quanto deveria, é preciso o reconhecimento de que crimes foram cometidos durante a era colonial e um verdadeiro compromisso também de reparar esses erros", defende a investigadora.
Os Países Baixos juntam-se agora à Dinamarca, França, Reino Unido e ao Parlamento Europeu, que pediram desculpas ou reconheceram oficialmente a escravidão e o tráfico de escravos como crimes contra a humanidade.
Em 1992, no Senegal, o papa João Paulo II também pediu perdão pelo papel da igreja na escravatura.
Em 2021, a Alemanha admitiu pela primeira vez ter cometido "genocídio" contra as tribos Herero e Nama, na Namíbia, durante a era colonial.
O rei Filipe da Bélgica expressou o seu "mais profundo pesar pelas feridas" infligidas ao país pelos seus ancestrais durante uma visita à República Democrática do Congo em junho, mas não formulou um pedido formal de desculpas.
Um comité parlamentar belga sobre o passado colonial, criado em 2020 após os protestos do Black Lives Matter, concluiu o seu trabalho na segunda-feira sem os parlamentares terem chegado a um consenso sobre um pedido de "desculpa"às antigas colónias.
O plano de ação contra o racismo da União Europeia, divulgado em 2020, quando protestos contra o racismo e a brutalidade policial varreram os EUA e a Europa após a morte de George Floyd, é saudado pela investigadora Almaz Teffera.
O plano exige que os países da UE adotem planos de ação nacionais que levem em consideração o seu passado colonial, a fim de enfrentar melhor as questões de racismo estrutural.
(veja a entrevista com Almaz Teffera no vídeo)