União Europeia protege-se contra a Covid-19 de quem viaja a partir da China

Passageiro chinês testado no aeroporto à chegada a Paris no primeiro dia de 2023
Passageiro chinês testado no aeroporto à chegada a Paris no primeiro dia de 2023 Direitos de autor AP Photo/Aurelien Morissard, Arquivo
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De  Francisco MarquesEuronews
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Estados-membros e parceiros do espaço Schengen discutiram medidas para prevenir novo surto de SARS-Cov-2 e acordaram uma série de recomendações

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Os Estados membros da União Europeia, com a presença dos parceiros do espaço Schenghen, acordaram esta quarta-feira uma série de medidas, incluindo a recomendação de "encorajar fortemente" a imposição de apresentação de teste negativo à Covid-19 a todos os passageiros provenientes da China para países da União Europeia.

Os testes devem ser efetuados nas 48 horas anteriores à partida na China.

Os "27" acordaram também na recomendação a todos os passageiros oriundos ou a caminho da China o uso de "máscaras médicas" ou respiradores FFP2/N95/KN95. Os viajantes e o pessoal de voo ou a trabalhar em aeroportos devem reforçar as medidas de higiene pessoal e de proteção sanitária.

Os Estados membros da UE são ainda aconselhados a:

  • realizar, à chegada, testes aleatórios de despistagem de Covid-19 aos viajantes oriundos da China e a sequenciar todos os resultados positivos para reforçar o controlo da situação epidemiológica entre os "27";

  • testar e a sequenciar as águas residuais dos aeroportos que recebam voos provenientes da China;

  • manter a promoção da vacinação anticovid, incluindo as doses de reforço, em especial entre os grupos mais vulneráveis.

Países antecipam-se nos controlos

Alguns países europeus, como França, Espanha ou Itália, já iniciaram de forma unilateral os controlos dos passageiros oriundos da China devido ao agravar da situação naquele país, tido como "berço" do SARS-CoV-2, em dezembro de 2019.

As autoridades francesas começaram no domingo a testar à chegada e de forma aleatória os passageiros oriundos de aeroportos chineses, com o ministro da Saúde François Braun a explicar tratar-se de uma medida meramente cientifica para identificar potenciais novas variantes.

Os viajantes oriundos da China a caminho de França estão já obrigados ao uso de máscara a bordo e partir desta quinta-feira terão de apresentar também um teste negativo à Covid-19, PCR ou antigénio, realizado até 48 horas antes do embarque.

O Reino Unido e os Estados Unidos também já tomaram medidas para tentar prevenir a importação de casos após a China ter anunciado a abertura total das fronteiras a partir de 8 de janeiro, numa viragem de 180 graus em relação à política unilateral adotada em março de 2020 de tolerância zero contra a Covid-19.

O SARS-CoV-2 foi registado pela primeira vez em dezembro de 2019, num laboratório de Wuhan, na China, provocou a primeira morte em meados de janeiro e já terá contribuído para mais de 6,7 milhões de mortes em todo o mundo em três anos.

OMS pressiona China

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reuniu-se esta semana com representantes do governo chinês para tentar esclarecer o agravamento da epidemia no país onde habitam 1,4 mil milhões de pessoas.

A OMS emitiu depois um comunicado onde apenas revela não ter sido identificada nenhuma nova variante ou sub-variante do SARS-CoV-2 com interesse nos dados recolhidos pelas autoridades de saúde de Pequim, mas o diretor da OMS para Emergências admite que os dados fornecidos não são esclarecedores da gravidade da situação na China.

"Acreditamos que os atuais números publicados pela China não representam o impacto real da doença nas admissões hospitalares, em termos de cuidados intensivos e em particular no número de mortes", afirmou Mike Ryan.

A China tem anunciado o registo de cinco ou menos mortes por dia no quadro da Covid-19 desde que decidiu alterar a política anticovid e as mortes passaram a ser contabilizadas apenas para casos de pneumonia ou de falha respiratória provocadas pela infeção por SARS-Cov-2.

A OMS entende que as mortes devem ser inscritas no quadro da Covid-19 se a causa for "uma doença clinicamente compatível" com uma infeção confirmada ou provável por SARS-Cov-2.

A pandemia de SARS-CoV-2

O surto do coronavírus denominado SARS-CoV-2 e que provoca a doença Covid-19, terá começado em dezembro de 2019, num mercado de rua de Wuhan, embora alguns estudos admitam que o vírus já estivesse presente há mais tempo naquela cidade chinesa.

O primeiro alerta endereçado à Organização Mundial de Saúde aconteceu a 31 de dezembro referindo o caso de uma pneumonia desconhecida. O primeiro registo na Europa surgiu a 24 de janeiro, em França, quatro dias depois da confirmação do vírus nos Estados Unidos.

Médicos em França sugeriram ter assistido o primeiro paciente no país com Covid-19 a 27 de dezembro depois de repetirem em abril as análises de exames a antigos doentes com sintomas suspeitos da nova doença.

De acordo com os registos oficiais, a pandemia entrou em África, pelo Egito, a 15 de fevereiro, e dez dias depois chegou à América do Sul, pelo Brasil. A pandemia bloqueou a maior parte do mundo desde meados de março de 2020 e, desde o final do ano passado, a situação tem vindo a normalizar-se.

Três anos depois e com a pandemia ainda ativa, há mais de 662 milhões de infeções diagnosticadas e quase 6,7 milhões de mortos associados à doença.

A vacinação contra a Covid-19 começou em dezembro de 2020, continua a diferentes velocidades por todo o mundo, com os países europeus já com milhões de pessoas inoculadas e com várias doses de reforço em perspetiva, recorrendo vacinas inicialmente desenvolvidas para serem eficazes com duas doses e numa altura em que novos receios se intensificam devido à situação na China.

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