É oficial: a União Europeia deixou de ser o principal cliente do petróleo russo.
Na sequência das amplas proibições impostas em reação à guerra na Ucrânia, as importações europeias de petróleo russo caíram 90% no espaço de um ano.
Em fevereiro de 2022, mês em que o Kremlin iniciou a invasão da Ucrânia em grande escala, a União Europeia (UE) comprou 15.189 milhões de toneladas (Mt) de petróleo bruto russo e de produtos refinados, como o diesel, querosene e a gasolina.
Um ano depois, em fevereiro de 2023, essas mesmas importações totalizaram 1.876 milhões de toneladas. No mês seguinte, em março, caíram ainda mais, chegando a 1.445 milhões de toneladas.
A enorme lacuna deixada pela Rússia foi preenchida por vários países, incluindo EUA, Noruega, Argélia, Brasil, Angola e Emirados Árabes Unidos.
Os números, divulgados na segunda-feira pelo Eurostat, expõem os efeitos da proibição de longo alcance do petróleo russo que os líderes da UE concordaram em impor no final de maio, após negociações árduas.
A proibição é dupla, porque se aplica quer ao petróleo bruto transportado por mar quer aos produtos refinados transportados por mar, e entrou em vigor a 5 de dezembro e a 5 de fevereiro, respetivamente.
A cronologia foi projetada para ajudar os Estados-membros a adaptar-se à transformação radical e à eliminação do principal fornecedor de energia.
A medida, no entanto, isentou as importações de petróleo através do oleoduto Druzhba a pedido de países sem litoral na Europa Central, principalmente da Hungria, cujas exigências atrasaram a aprovação final da proibição.
Na verdade, a análise país a país dos dados de março mostra que a maior parte do petróleo bruto russo foi para os três países fisicamente conectados pelo Druzhba: Hungria, Eslováquia e Chéquia.
Os líderes europeus prometeram rever a polémica derrogação Druzhba, com um prazo indefinido, mas a questão continua intocada.
"As importações totais de petróleo da Rússia não chegaram a zero devido a certas exceções contempladas nas proibições, que permitem importações limitadas sob condições específicas", revelou o Eurostat em comunicado.
A turbulência provocada pela invasão russa da Ucrânia provocou ondas de choque no setor da energia, levando os Estados-membros a libertar parte das suas reservas de petróleo de emergência numa tentativa de acalmar os preços do mercado.
De acordo com o Eurostat, em março de 2023, só cinco Estados-membros – Bulgária, Chéquia, Irlanda, Letónia e Lituânia – ainda estavam abaixo do nível mínimo nacional de stocks de emergência de petróleo.