O Conselho de Justiça e Assuntos Internos da União Europeia (UE) debateu, quinta-feira, no Luxemburgo, o que fazer para evitar novos ataques terroristas pelos chamados "lobos solitários", como aconteceu este mês, em França e na Bélgica.
Os ministros avaliaram como melhorar a troca de informações, o supervisão de conteúdos perigosos na Internet e a capacidade de expulsão do território de pessoas a quem foi negado asilo, como é o caso do tunisino que matou duas pessoas e feriu uma terceira, de nacionalidade sueca, em Bruxelas.
A UE tem estado a rever o chamado Regulamento de Dublin, que rege os pedidos de asilo, e o ministro sueco, Gunnar Strommer, recordou que o atacante era conhecido do sistema e tinha cometido crimes.
"O indivíduo que cometeu os crimes terroristas na Bélgica, na segunda-feira à noite, foi deportado da Suécia em 2010, no âmbito do processo de Dublin. Desde então, tem sido capaz de aparecer em diferentes países da União Europeia. Isso também sublinha a necessidade de reforçar o sistema de Dublin, o controlo das fronteiras, o sistema de regresso eficiente e a partilha de informações entre os nossos países membros", disse o governante.
Os ministros debateram, também, a necessidade de combater a radicalização expressa via sites na Internet e nas redes sociais, que desempenhou um papel nos dois recentes ataques.
A ministra da Alemanha, Nancy Faeser, disse que a Internet é uma área que "se tornou mais perigosa" na disseminação do "ódio" e da "radicalização".
É crucial, ainda, fazer maior intercâmbio de informações entre os Estados-membros, alegou a governante belga, Annelies Verlinden.
"É necessária uma cooperação entre os serviços de segurança e de polícia europeus, mesmo que isso implique renunciar a uma parte da nossa autonomia", afirmou Verlinden, que reconheceu que a Bélgica não sabia que o atacante tunisino tinha estado preso na Suécia.
Repatriamento já aumento em 20%
O reforço de controlos nas fronteiras externas é outra prioridade, e a comissária europeia com esta pasta, Ylva Johansson, também quer acelerar o repatriamento de quem não reúne critérios para receber permissão de residência.
"Fizemos muito, por isso já este ano assistimos a um aumento de 20% dos repatriados, pelo que, na verdade, hoje em dia, há mais pessoas a regressar à origem", explicou a comissária europeia.
"Mas ainda é preciso fazer mais. E é especialmente importante para mim que aqueles que podem causar uma ameaça à segurança dos nossos cidadãos sejam repatriados à força imediatamente", acrescentou Johansson.
Devido receios de possível aumento de atos terroristas, a Itália e a Eslovénia anunciaram que vão introduzir controlos nas suas fronteiras terrestres. Esta medida vem juntar-se às numerosas excepções ao Acordo de Schengen (livre circulação de pessoas) aplicadas por outros Estados-membros, nomeadamente pela Áustria, Alemanha, Chéquia , Eslováquia e Hungria.
Os ministros continuam a debater a possível adesão a esse espaço da Roménia e da Bulgária, até ao final do ano, apesar da Áustria exigir que se reveja o sistema antes de proceder a esse alargamento.