Pobreza menstrual ainda negligenciada por países da UE

Desde 2022, as regras da UE permitem que os estados membros vendam produtos menstruais sem IVA
Desde 2022, as regras da UE permitem que os estados membros vendam produtos menstruais sem IVA Direitos de autor Allison Lee Isley/Allison Lee Isley
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De  Aida Sanchez Alonso
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O acesso a produtos menstruais não está garantido na UE porque os preços são inacessíveis para muitas mulheres. Apesar das regras comunitárias permitirem não cobrar IVA nestes produtos, só um Estado-membro o pratica.

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Faltam dados oficiais sobre quantas mulheres sofrem do que se costuma chamar de pobreza menstrual, mas um estudo da organização não-governamental belga Bruzelle revela que uma em cada quinze residentes na Bélgica não conseguem comprar o produto da sua preferência.

"Em algum momento, temos que escolher entre uma necessidade básica e comprar produtos menstruais. Por exemplo, temos que escolher entre comer ou comprar um produto menstrual. Quando chegamos a esta situação é porque estamos realmente no contexto da precariedade menstrual. Acrescentamos ainda duas variantes que agravam esta situação: falta de informação menstrual e a falta de locais seguros e adequados para poder mudar o produto com total segurança", explicou Verónica Martínez, membro da Bruzelle, em entrevista à Euronews.

Desde 2022, as regras da UE permitem que os Estados-membros vendam produtos menstruais sem IVA. Por enquanto, a Irlanda é a único pais a fazê-lo.

A menstruação ainda tem muitos tabus, estigmas e silêncios na sociedade. É por isso que deve haver uma ação universal.
Tània Verge
Ministra da Igualdade e Feminismo, governo regional da Catalunha (Espanha)

A maioria reduziu o imposto para 5% a 10%, mas há países onde o IVA aplicado supera os 20%, como é o caso da Hungria (27%) e da Suécia e da Dinamarca (ambos com 25%).

Uma das opções para baixar as despesas com os produtos menstruais é recorrer a produtos reutilizáveis. A provincia espanhola da Catalunha começou, recentemente, a distribuir opções tais como um copo menstrual, um absorvente ou uma roupa interior menstrual.

"A menstruação ainda tem muitos tabus, estigmas e silêncios na sociedade. É por isso que deve haver uma ação universal. Precisamos de mudar a forma como a sociedade tem lidado com a menstruação, como sendo um assunto privado, como algo de que não se fala, porque estes mitos, estes estigmas, também têm implicações na saúde e no bem-estar das mulheres", disse Tània Verge, ministra da Igualdade e Feminismo no governo regional da Catalunha, à Euronews.

Segundo o governo regional catalão, 23% das mulheres reutilizam produtos de uso único e 44% não têm condições de comprar os produtos da sua preferência.

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