O Rassemblement National (RN) poderá derrubar o governo do primeiro-ministro francês, Michel Barnier, por causa da proposta de orçamento da segurança social para 2025.
O partido de extrema-direita francês Rassemblement National (RN) voltou a ameaçar, esta segunda-feira, apoiar uma moção de censura por causa de uma disputa orçamental que poderá derrubar o governo de centro-direita do primeiro-ministro Michel Barnier dentro de dias.
O presidente do RN, Jordan Bardella, disse que o seu partido iria desencadear a moção, a menos que "haja um milagre de última hora" sobre a proposta de orçamento da segurança social para 2025, que visa poupar 60 mil milhões de euros ao Estado através de aumentos de impostos e cortes na despesa. Marine Le Pen, a principal líder do partido, já tinha dado a Barnier um ultimato até esta segunda-feira para atuar.
O Parlamento deverá votar o projeto de lei da segurança social esta segunda-feira à tarde, e o destino do orçamento dependerá do RN, que é o partido com mais assentos na Assembleia Nacional.
Se Barnier tentar contornar uma votação e forçar a aprovação do orçamento, o RN poderá forçar a saída do governo de Barnier com uma moção de censura ainda esta semana. Seria apenas a segunda vez que um Governo francês seria derrubado desde 1958, e a primeira desde 1962.
Apesar de o Governo de Barnier ter feito algumas concessões ao RN - como a eliminação de um imposto sobre a eletricidade, na semana passada - o partido de Bardella pede também que sejam eliminadas as propostas de adiamento da vinculação dos aumentos das pensões à inflação, bem como os cortes sugeridos nos reembolsos dos medicamentos.
"Tudo o que propusemos no interesse dos franceses, todas as alterações que apresentámos nas últimas semanas, tudo foi conscientemente desprezado, ignorado", disse Bardella à rádio RTL, esta segunda-feira.
"Ainda estamos dispostos a negociar, a nossa porta está sempre aberta", afirmou Maud Bregeon, porta-voz do governo francês, ao canal de televisão CNews.
Barnier disse, na semana passada, que uma moção de censura levaria a "uma grande tempestade e a uma turbulência muito séria nos mercados financeiros".
O seu governo está a tentar reduzir o défice francês de 6% do PIB para 5% no próximo ano, através da contenção orçamental, e alertou para uma crise de dívida semelhante à da Grécia, caso a proposta de lei da segurança social não seja aprovada. Na segunda-feira, os custos dos empréstimos franceses ultrapassaram os do governo grego pela primeira vez na história.
Barnier só foi nomeado primeiro-ministro pelo presidente Emmanuel Macron em setembro e, se cair, será o chefe do governo com o mandato mais curto desde 1958.