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Partidos querem novas eleições o mais rapidamente possível

O primeiro-ministro português Luís Montenegro, segundo à direita, gesticula durante um debate que precede a votação de uma moção de confiança no Parlamento português, em Lisboa
O primeiro-ministro português Luís Montenegro, segundo à direita, gesticula durante um debate que precede a votação de uma moção de confiança no Parlamento português, em Lisboa Direitos de autor  Armando Franca/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
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De Diana Rosa Rodrigues
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Líderes partidários defendem eleições rápidas podendo estas em duas datas possíveis: 11 ou 18 de maio. Palavra final pertence a Marcelo Rebelo de Sousa, que realiza amanhã o Conselho de Estado, devendo fazer o anúncio oficial em breve.

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Ninguém parecia querer eleições antecipadas, mas, a fazê-las, que seja o mais rapidamente possível. O presidente da República ouviu hoje os partidos com assento parlamentar em Belém de forma a ter todas as cartas para determinar a melhor solução para o atual impasse político.

Luís Montenegro foi o primeiro a ser recebido. O primeiro-ministro defendeu a realização de eleições junto do presidente da República que “devem ocorrer rapidamente”. Reconheceu que o “país vive uma situação complicada” e que, “não sendo um cenário desejável”, afirmou que o país não irá registar qualquer “perturbação no funcionamento”, nomeadamente na execução do PRR.

O Conselho Nacional do PSD reúne-se na quarta-feira à noite para analisar a situação política.

Seguiu-se Pedro Nuno Santos. O líder do maior partido da oposição afirmou que, apesar de não ser o cenário desejável, a realização de eleições "é a única forma que temos para clarificar a situação política em Portugal” e que o ato eleitoral deve ser visto como uma “oportunidade para desbloquear a situação de crise política em que nós estamos e iniciarmos uma nova fase da vida política em Portugal” com “confiança no Governo e no primeiro-ministro”.

Chega culpa o Governo mas está pronto para um acordo pós-eleitoral - sem Montenegro

Também a terceira maior força política no parlamento defendeu a realização de eleições e está confiante que é esse também o entendimento do presidente da República.

“Estou convencido também de que teremos esta quinta-feira um anúncio da dissolução do Parlamento e a marcação de eleições para o dia 11 de maio. Acho que isto - a 99% - é o que vai acontecer”, afirmou André Ventura, após o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa.

O líder do Chega diz que o partido até está disponível para um acordo pós-eleitoral com o PSD, mas apenas de Luís Montenegro estiver fora da equação.

"A Luís Montenegro é um 'não é não' e não é nenhuma retaliação. É porque, nestas circunstâncias, é impossível haver confiança neste primeiro-ministro para poder governar", afirmou.

Também a Iniciativa liberal defendeu a realização de eleições antecipadas “tão depressa quanto possível", sublinhando a data de 11 de maio para a realização do escrutínio.  Rui Rocha garantiu que o partido irá a eleições sozinho e “com uma campanha ambiciosa”.

Ainda à direita, o CDS-PP, partido que compõe a coligação governamental, concorda com 11 e 18 de maio, ainda que com uma ligeira preferência pela segunda data devido às peregrinações do 13 de maio. Nuno Melo disse que o partido tudo fará para “o bom governo, que caiu, seja reconduzido”, tentando, nas ruas “conseguir justiça perante uma crise política escusada”. O líder do CDS e atual ministro da Defesa atira as culpas da atual situação para os partidos da oposição, principalmente o PS de Pedro Nuno Santos.

Esquerda defende eleições antecipadas e espera sair reforçada

Mariana Mortágua defende que as eleições devem ser realizadas o mais rapidamente possível, mas, ao contrário do que avançaram alguns líderes, defende o dia 18 de maio, alegando razões administrativas. “Achamos dia 18 de maio mais razoável para haver tempo para cumprir as obrigações legais”, principalmente para os partidos mais pequenos.

A líder do Bloco de Esquerda quer ultrapassar o “ruído” que se prevê que exista durante a campanha eleitoral e “aproveitar as eleições para discutir problemas importantes, como a habitação, questões do trabalho e saúde”. Mariana Mortágua reconhece que será uma “campanha difícil”, mas diz-se “esperançosa e confiante que a esquerda possa sair reforçada.

Sobre uma eventual aliança pós-eleitoral com o PS, o Bloco de Esquerda descartou estabelecer cenários, mas disse que o partido nunca “faltou a nenhum diálogo”.

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP disse “acompanhar o calendário” que Marcelo já tinha antecipado para as eleições, referindo os dias 11 e 18 de maio, sem revelar uma preferência.

Em resposta às questões sobre possíveis alianças à esquerda, o líder comunista disse que “quem decide é o povo” e que só haverá solução “quanto mais força tiver o PCP”. 

Na saída da reunião, Rui Tavares, declarou que prefere o dia 11 de maio para a data das eleições. Sobre acordos à esquerda e uma eventual coligação pré-eleitoral, o líder do partido Livre disse que esse tema foi “fantasma lançado pela direita”, recusando-se a apontar cenários. O deputado não recusou, no entanto, em apontar armas a Luís Montenegro, afirmando não entender como é que o ainda primeiro-ministro será, novamente, candidato.

O secretário-geral do Livre disse ainda que  “o tempo dirá porque é que o primeiro-ministro rejeita cabalmente” a hipótese de passar a empresa para uma gestão profissional e que cabe agora aos “portugueses escolher o interesse do país contra qualquer chantagem”.

Inês Sousa Real do partido PAN não fugiu à tendência, pedindo eleições antecipadas. A deputada explicou que prefere 18 de maio, para dar tempo aos partidos de se organizarem internamente.

O presidente da República demonstrou “sensibilidade e preocupação naquilo que foram os argumentos dos partidos para que o processo democrático interno também seja respeitado”, afirmou aos jornalistas Inês Sousa Real.*

Abertura de "inquérito preventivo" à empresa da família do PM

Face às comunicações dos líderes partidários, e perante o histórico do presidente da República, a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa parece amplamente anunciada, mas a comunicação final não é ainda conhecida. Além das reuniões com os partidos, Marcelo também convocou o Conselho de Estado, que se realiza amanhã, pelo que uma decisão só deverá ser conhecida após o encontro.

A atual crise política acontece após o chumbo da moção de confiança ao Governo, que levou o veto de toda a oposição com exceção da Iniciativa Liberal. A votação aconteceu após duas moções de censura, às quais o primeiro-ministro sobreviveu, lançadas pelo Chega e pelo PCP na sequência da polémica que envolve Luís Montenegro e a empresa da família, Spinumviva. O caso levantou dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Esta quarta-feira ficou a saber-se que o Ministério Público abriu uma "averiguação preventiva" relativa à empresa da família do primeiro-ministro, cujo o propósito é avaliar se existem elementos que justifiquem a abertura de um inquérito. Segundo explicou hoje o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, chegaram à Procuradoria-geral três queixas relativas à empresa mas ,“dos elementos que recolhemos até agora, não há fundamento para abrir qualquer inquérito".

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