Os dirigentes da UE estão reunidos em Bruxelas para debater os desafios geoeconómicos e os desenvolvimentos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente. Viktor Órban reforçou que Hungria não vai aceitar a Ucrânia na UE.
A hora de chegada ao Conselho Europeu, em Bruxelas, para a cimeira da UE estava marcada para as 10:15 desta quinta-feira e os vários líderes foram chegando à vez.
Seguiam-se várias sessões à porta fechada onde temas como a defesa e segurança europeias, as tarifas, a migração, a competitividade e o objetivo de 2040 no âmbito do Pacto Ecológico estiveram em cima da mesa.
Mas antes, os primeiros-ministros dos Estados-membros da UE não deixaram de falar à imprensa sobre as expetativas para a cimeira.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, voltou ao assunto da adesão da Ucrânia à UE. "No caso da adesão da Ucrânia à UE, a Hungria não pode ser ignorada, porque em última análise é preciso uma decisão unânime. Por isso, isto não vai acontecer", disse à chegada.
Segundo uma publicação na rede social X de Órban, os húngaros foram chamados a pronunciar-se sobre o tema, numa sondagem não vinculativa, e o "não" foi a resposta de 95% da população. "Disseram NÃO à guerra, NÃO à ruína económica e NÃO às ilusões de Bruxelas. Com mais de 2 milhões de votos expressos, estamos a levar a Bruxelas o mandato do nosso povo para a paz e o bom senso", escreveu ainda durante a manhã na rede social X.
A imigração excessiva também é um dos temas bandeira de Viktor Orbán, que afirmou que traz "revolta" para esta cimeira.
"Conversas intermináveis sobre migração, sem resultados. A posição da Hungria? Revolta. Já debatemos o assunto centenas de vezes, nada mudou, os ilegais continuam a chegar. Por isso, agimos: selámos as nossas fronteiras, não podemos entrar sem autorização. Essa é a única forma de travar a migração ilegal. Ponto final", concluiu.
Conflitos no Médio Oriente
O Conselho Europeu abordou também os últimos desenvolvimentos no Médio Oriente, em especial a situação humanitária catastrófica em Gaza e os últimos desenvolvimentos do Irão.
Aos jornalistas, Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, disse que a situação no médio oriente é "crítica" e que é necessário um cessar-fogo em Gaza e a libertação incondicional de todos os reféns.
Metsola pediu também uma "desescalada" no conflito com o Irão. "Há uma ideia clara de que o Irão não pode ser autorizado a desenvolver capacidades nucleares", disse.
O compromisso da Europa com a Ucrânia também não foi esquecido e Metsola mostrou-se "contente" com os resultados da cimeira da NATO, onde Donald Trump e Zelensky puderam conversar. "A Europa deve continuar a apoiar a Ucrânia. E, ao mesmo tempo, manter a dinâmica em direção a um alargamento baseado no mérito. Este é o investimento mais inteligente na estabilidade, prosperidade e paz da Europa", disse.
Num comunicado de imprensa, o Conselho Europeu apelou também a Israel para que levante totalmente o seu bloqueio a Gaza, permitisse o acesso imediato e sem entraves e a distribuição sustentada de ajuda humanitária à escala de Gaza,e em todo o seu território, e permitisse que a ONU e as suas agências, bem como as organizações humanitárias, trabalhem de forma independente.
Depois de uma revisão do Acordo entre a UE-Israel ter indicado violações dos direitos humanos , alguns líderes como o primeiro-ministro irlandês, Michéal Martin, defenderam maior pressão sobre Israel.
"O povo europeu considera incompreensível que a UE não esteja em posição de pressionar Israel, de exercer pressão sobre Israel para que pare esta guerra em Gaza, para que pare o massacre de crianças e civis inocentes", disse Michéal Martin.
Merz e o comércio
O chanceler alemão Friedrich Merz, eleito no mês passado, chegou entusiasmado com o seu primeiro Conselho Europeu. " É a primeira vez que aqui estou e temos um vasto leque de questões para discutir", começou por dizer aos jornalistas.
"Vamos debater a competitividade da indústria europeia", disse.
Merz, que esteve ainda este mês em Washington, onde se encontrou com Donald Trump, mostrou que queria um acordo comercial com os EUA a propósito das tarifas impostas pelo presidente norte-americano. "Apoio a Comissão Europeia em todos os seus esforços para chegar rapidamente a um acordo comercial com os EUA. Gostaria de ver o Mercosul a arrancar e a celebrar mais acordos comerciais. A Europa está a enfrentar desafios decisivos", concluiu.
Merz ja tinha afirmado anteriormente que a União Europeia devia ratificar "rapidamente" o acordo de comércio livre com os países do Mercosul.