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Nova capa falsa do Charlie Hebdo ataca Orgulho da Moldova

A capa é falsa
A capa é falsa Direitos de autor  Euronews
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De James Thomas
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As capas falsas atribuídas à revista satírica francesa são habitualmente utilizadas como vetores de desinformação.

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A revista satírica francesa Charlie Hebdo voltou a ser alvo de atores pró-russos que, desta vez, utilizaram a sua imagem para atacar o movimento LGBT na Moldova.

Charlie Hebdo não publicou esta capa
Charlie Hebdo não publicou esta capa Euronews

Esta imagem, publicada na plataforma Telegram, e noutras redes sociais afirma que "a Moldova escolheu uma nova religião" e mostra pessoas na marcha do orgulho brandindo o arco-íris LGBT e bandeiras moldavas, a afugentar um padre ortodoxo.

Nos comentários de alguns utilizadores que partilharam a imagem, pode ler-se que o padre está a ser perseguido por uma "multidão de pervertidos loucos", enquanto outros dizem que a Moldova está a ser puxada para a Europa, "cuja religião é a sodomia."

No entanto, todas as afirmações se baseiam em informação incorreta e a capa falsa contém o número da edição 1716 e a data de publicação de 10 de junho, contudo, uma pesquisa no site oficial do Charlie Hebdo revela que a revista não publicou qualquer edição nesta data.

A data mais próxima, a que conseguimos chegar, é a 11 de junho, que tem o número 1716, e onde podemos ver uma capa completamente diferente da que está a ser partilhada online.

A imagem falsa à esquerda contra a imagem real à direita
A imagem falsa à esquerda contra a imagem real à direita Euronews

Esta edição não trata das celebrações do orgulho da Moldova, mas satiriza o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, que é também o líder do partido conservador Les Républicains, pela sua posição relativamente ao setor das pescas.

Retailleau tem sido frequentemente um crítico dos direitos LGBT, incluindo a oposição à lei "Mariage pour tous" de 2013, que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em França.

A marcha do orgulho da Moldova teve lugar a 15 de junho e foi objeto de outras notícias falsas na altura, tais como alegações incorretas que afirmavam que um contra-protesto contra a suposta "propaganda LGBT" foi recebido com brutalidade policial.

Um noticiário em língua espanhola afirmou que uma marcha pacífica pelos "valores tradicionais da família", em Chișinău, foi interrompida pela "intervenção brutal" das forças de segurança. Acrescentava que o presidente Maia Sandu, com o apoio de Bruxelas, ordenou que a marcha do orgulho fosse realizada "a qualquer custo", em detrimento dos "valores da família cristã."

O grupo de trabalho anti-desinformação, EUvsDisinfo, que está sob a alçada do Serviço Europeu para a Ação Externa, afirmou que, ao contrário do que foi noticiado, os manifestantes reunidos pelo Partido dos Socialista da República da Moldava, pró-russo, tentaram romper o cordão que os separava da marcha do orgulho, apesar de as autoridades terem traçado percursos diferentes para evitar confrontos.

"A alegação feita nesta história de desinformação apela a opiniões homofóbicas entre o público, enquadrando falsamente as atividades locais pró-LGBTQ como uma imposição da UE contra os valores 'nacionais' ou 'cristãos'", afirmou o EUvsDisinfo.

"A exploração da homofobia é uma técnica de desinformação pró-Kremlin bem estabelecida", pode ler-se.

De facto, alguns tentam provocar histeria com a narrativa de que os direitos LGBT são contrários aos valores tradicionais, cristãos e europeus, mas, na realidade, muitos europeus LGBT reconciliaram a sua sexualidade com a sua fé e não vêem qualquer oposição entre os dois.

Que outras edições falsas do Charlie Hebdo existem e porquê?

As capas falsas do Charlie Hebdo são tão comuns que a revista colocou uma declaração no seu site, afirmando que atores pró-russos estão a utilizar a sua imagem para difundir propaganda.

A EuroVerify já desmascarou anteriormente outras edições falsas atribuídas ao Charlie Hebdo, a maioria das quais centradas em Volodymyr Zelenskyy.

Numa delas, o presidente ucraniano foi falsamente acusado de ter tirado partido da morte do falecido Papa Francisco, enquanto noutra foi ridicularizado por ter tentado utilizar a reabertura da Catedral de Notre Dame em Paris para aumentar o apoio à Ucrânia contra a guerra da Rússia.

Tanto a Ucrânia como a Moldova são dois dos alvos mais recorrentes da propaganda pró-russa.

No caso da primeira, o objetivo parece ser prejudicar a opinião pública sobre Zelenskyy e, assim, desestabilizar o apoio ocidental à Ucrânia e, no caso da segunda, os que espalham a desinformação parecem querer fazer descarrilar o caminho da Moldova para desenvolver laços mais estreitos com o resto da Europa e, em última análise, aderir à UE.

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