O antigo ministro da Economia do governo de Pedro Passos Coelho foi a escolha do primeiro-ministro Luís Montenegro para suceder a Mário Centeno no banco central.
Álvaro Santos Pereira é o nome indicado pelo Governo de Luís Montenegro para Governador do Banco de Portugal. O anúncio foi feito pelo ministro da Presidência António Leitão Amaro esta quinta-feira, após a reunião do Conselho de Ministros.
O até aqui economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) vai suceder a Mário Centeno, mas a sua nomeação vai depender de um parecer e audição parlamentar que já só deverá poder realizar-se em setembro.
Santos Pereira foi ministro da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho entre 2011 e 2013. Economista de formação, não tem filiação política e acumula vasta experiência académica internacional, sendo desde o início de 2024 economista-chefe da OCDE.
O nome do ex-ministro começou a surgir como provável depois de o Governo ter atirado o anúncio da escolha do novo governador para depois de terminado o mandato de Mário Centeno e após afastados nomes como o do ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar ou do economista Ricardo Reis.
Mário Centeno não é reconduzido no cargo de Governador do Banco de Portugal e cessará funções em setembro. É a primeira vez desde 2000 que um governador não cumpre os dois mandatos possíveis. Antes de Centeno, Vítor Constâncio e Carlos Costa fizeram dois mandatos.
Questionado pelos jornalistas sobre a não recondução do atual governador, o ministro da Presidência agradeceu o exercício de funções por Mário Centeno que continuará a ser nas funções até ser substituído. "Respeitamos o exercício do seu mandato e preservar essa independência. Não farei avaliações e observações no seu desempenho como governador", afirmou Leitão Amaro.
Centeno ainda é governador com plenos poderes apesar de o seu mandato ter terminado no passado dia 21, e está, inclusivamente, a representar Portugal numa reunião em Frankfurt, esta quinta-feira. Será também o antigo ministro das Finanças de António Costa a representar Portugal na próxima reunião de política monetária do BCE, marcada para depois do verão.
Além disso, o nome de Santos Pereira ainda tem de ir ao Parlamento, para que os deputados elaborem um relatório - não vinculativo - sobre a escolha do Governo. É também por essa razão que Mário Centeno se manterá em funções para além do fim do mandato, uma vez que as férias da Assembleia da República se vão colocar no meio deste processo.
"Escolhemos alguém que entendemos ser melhor. O professor Álvaro Santos Pereira serve melhor os objetivos de uma instituição que faz parte do eurosistema. É a melhor escolha, por ser independente. Não vem de dentro do banco, nem de nenhum governo", justicou, apesar do sucessor de Centeno ter integrado o governo do PSD liderado por Passos Coelho.
Perante essa evidência levantada pelos jornalistas, Leitão Amaro traçou a diferença: "Uma coisa é um governador com experiência governativa, outra coisa é sair do Governo para o Banco de Portugal", explicou, acrescentando que Santos Pereira "nunca serviu num partido" e esteve no governo há mais de dez anos.
Invocando a tese que fez sobre a independência dos bancos centrais, e sem mencionar Mário Centeno, o ministro da Presidência disse que "o teste de independência aqui é: não sair de um governo para a liderança de um banco central antes de um período mínimo que devem ser dois a três anos".
Leitão Amaro destacou ainda a carreira internacional de Santos Pereira que "é um profundo conhecedor da economia e do sistema financeiro. Entendemos que é a melhor escolha para este cargo".