O chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, garantiu que Portugal está próximo de reconhecer a Palestina como Estado, após uma reunião com a sua homóloga britânica, Yvette Cooper, em Londres.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou, na segunda-feira, que o reconhecimento por Portugal da Palestina como Estado está em "andamento" e que devem haver "desenvolvimentos na próxima semana".
"Neste momento está concluído o processo de audição dos grupos parlamentares na Assembleia da República. Terei ainda de falar mais uma vez, eu e o senhor primeiro-ministro, com o senhor Presidente da República", afirmou Rangel, citado pela agência Lusa, após um encontro com a sua homóloga britânica, Yvette Cooper, em Londres.
O reconhecimento do Estado da Palestina foi um dos temas discutidos na reunião entre Paulo Rangel e Yvette Cooper, dado que também o Reino Unido está a ponderar reconhecer a Palestina como Estado durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se realiza no final de setembro em Nova Iorque.
Na semana passada, o governo português consultou os partidos com assento parlamentar sobre a hipótese de Portugal reconhecer o Estado da Palestina durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se realiza no final de setembro em Nova Iorque. Segundo Rangel, "Não há obstáculos" ao reconhecimento por Portugal da Palestina como Estado.
Relativamente às críticas de Portugal ao ataque de Israel no Qatar a 9 de setembro, que resultou na morte de cinco elementos do movimento islamita palestiniano Hamas e um polícia local, Rangel rejeitou acusações de dualidade de critérios.
"Se me falasse de governos anteriores, eles poderiam ser acusados disso. Este governo foi o governo que até agora mais fez pela solução dos dois Estados. Portugal foi sempre a favor da solução dos dois Estados desde que é uma democracia e até antes", disse Rangel, citado pela agência Lusa.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros revelou ter dado instruções à delegação portuguesa na ONU para intervir no debate de terça-feira sobre estre tema, de forma independente da posição da União Europeia, para enfatizar a condenação dessa "atuação extraterritorial de Israel".
Assembleia Geral da ONU aprovou solução de dois Estados
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, na sexta-feira, uma solução não vinculativa que apoia a solução de dois Estados para Israel e Palestina, horas depois do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu ter rejeitado a ideia de um Estado palestiniano.
A resolução, que foi apresentada por França e pela Arábia Saudita, prevê que a Autoridade Palestiniana governe e controle todo o território palestiniano, com um comité administrativo de transição imediatamente estabelecido após um cessar-fogo em Gaza.
Também o Parlamento Europeu aprovou, na passada quinta-feira, uma resolução que pedia aos Estados-membros da União Europeia (UE) que considerassem "o reconhecimento do Estado da Palestina, com vista a alcançar a solução de dois Estados".
Protestos em Espanha
Os últimos dias foram sido marcados por fortes protestos pró-Palestina em Espanha, com a interrupção da etapa final da Vuelta a España no domingo, onde manifestantes forçaram ciclistas a pararem a prova, quando faltavam cerca de 50 quilómetros para o fim no circuito de Madrid.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez voltou a ser criticado por Telavive, com o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros a recorrer à rede social X para espalhar mensagens contra o apoio do governo espanhol aos protestos populares contra a participação da equipa israelita na La Vuelta, a maior competição anual de ciclismo do país.