As plantas falam e comunicam. Utilizando uma linguagem, ainda pouco conhecida, elas enviam mensagens a outras plantas e ao meio ambiente.
Em Florença, Itália, um projeto europeu de investigação analisa a atividade elétrica das plantas:
“As plantas são capazes de sentir o campo gravitacional, os campos elétricos, magnéticos, os gradientes químicos, etc. Esta enorme quantidade de informação que as plantas percecionam e transpõem está lá, à nossa disposição, temos apenas de ser capazes de encontrar uma maneira de decifrá-la e de torná-la inteligível”, explica o cientista Stefano Mancuso.
O ponto de partida é a análise digital do comportamento de algumas plantas em circunstâncias específicas:
“Observando os sinais, gerados pelas plantas, somos capazes de chegar aos estímulos que os geraram. Depois de lermos os sinais, sem serem distorcidos mas, possivelmente, amplificando-os, eles são digitalizados. Um sinal que é analógico e que varia no tempo, é transformado em números”, adianta Andrea Vitaletti, cientista da computação.
O desafio é encontrar a causa e, simultaneamente, escrever um conjunto de dados, criar um mapa de referência que nos permita saber como é que as plantas reagem num determinado ambiente:
“É, verdadeiramente, uma língua. Um parâmetro ambiental específico corresponde a uma mensagem elétrica particular. Se conseguirmos codificar teremos nas mãos uma “Pedra de Roseta” para as plantas, o que nos permite compreender o que elas sentem”, diz Stefano Mancuso.
Uma plataforma digital e um poderoso algoritmo transformam cada árvore numa sentinela do meio ambiente:
“O objetivo final é reunir os dados de várias plantas e agregá-los para que, em seguida, sejamos capazes de processá-los.
A mesma árvore vai, ao mesmo tempo, fornecer-nos informações sobre mais do que um parâmetro ambiental. Se usássemos os sensores, comummente, usados nas estações de monitorização, precisaríamos de um para cada parâmetro que estivéssemos a estudar e isso seria, certamente, muito dispendioso”, conclui Mario Poli, cientista da computação.
Da monitorização do ozono, em tempo real, à medição do grau de intoxicação química dos solos. Aprender a língua das plantas permite um controlo global do meio ambiente, de uma forma nunca antes conseguida.