O Gaspar foi criado para interagir com as crianças hospitalizadas no Instituto Português de Oncologia de Lisboa. E este não é um robô qualquer. Fala
O Gaspar foi criado para interagir com as crianças hospitalizadas no Instituto Português de Oncologia de Lisboa. E este não é um robô qualquer.
Fala e joga. Mas o novo amigo das crianças na pediatria do IPO é diferente: precisa de um sofisticado conjunto de sensores e sistemas de orientação para se mover autonomamente, contornar os obstáculos e reconhecer quem o aborda. Filomena Pereira, diretora do Serviço de Pediatria, considera que “a utilização solitária dos gadgets é muito preocupante. É uma relação solitária com a tecnologia. Uma intervenção deste género pode promover uma interação de grupo, uma interação comum com essa mesma tecnologia.”
O “Gasparzinho”, como lhe chamam, foi construído pelos investigadores do Instituto Superior Técnico de Lisboa, no âmbito do projeto europeu MOnarCH. O encontro entre a robótica e o contacto humano implicou vários desafios.
Segundo o coordenador da iniciativa, João Silva Sequeira, o primeiro desses desafios “foi a plataforma. Esta é uma plataforma que consegue acompanhar uma pessoa em ritmo normal de passo. Estamos a falar de cerca de 2,5 metros por segundo. O segundo desafio terá sido o aspeto geral do robô, esta forma simpática que as pessoas gostam imenso. Para isso, entrevistámos cerca de uma centena de crianças, tentámos perceber o que elas pensam que é um robô. Depois há todo o aspeto de engenharia, de programação, dos computadores e da própria criação de conceitos novos. Quando falamos da interação homem-robô, falamos de conceitos novos. Não é uma interação que não tem em conta os aspetos sociais. Estamos num ambiente social. É preciso que o robô perceba um pouco do que é esse ambiente social.”
Aqui está o vídeo: Gasparzinho, um robot social na pediatria do IPO. #robots#IPO#AMNOVO2015#oncology#futurehttps://t.co/gz0NY3Ve62
— Catarina M Rodrigues (@CatarinMR) 12 juin 2015
Gaspar nasceu no Instituto de Sistemas e Robótica do Técnico. Resultou da simbiose entre um conjunto de soluções tecnológicas complexas e uma série de conceitos extraídos da Psicologia Social, de forma a desenvolver um mecanismo de perceção.
“Queremos estimular as reações positivas entre as crianças. Os médicos dizem-nos que, quanto mais felizes estes miúdos se sentirem, mais rápida será a recuperação. Queremos que o Gaspar brinque com eles, que se divirtam juntos. A ideia é que as crianças estabeleçam uma relação como se ele fosse um animal de estimação ou mesmo um amigo”, afirma Víctor González Pacheco, especialista em robótica social.
O objetivo é fazer com que, nos próximos três anos, mais “Gaspares” façam amigos noutros hospitais um pouco por toda a Europa. Filomena Pereira lança mais um desafio aos investigadores: “Continuarem a aumentar a sua capacidade de interação. Sei que é difícil. A parte mais difícil é a interação, com todos os seus aspetos de partilha de emoções e de afetos, porque as crianças também estabelecem afetos com os objetos que vivem com elas.”