Transformar o entulho em materiais reutilizáveis

Em parceria com The European Commission
Transformar o entulho em materiais reutilizáveis
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De  Jeremy Wilks
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E se, em vez de criar entulho, os materiais de construção fossem reciclados em blocos para criar novas construções, podendo reutilizá-los mais tarde?

Estamos habituados a comprar produtos de plástico ou de cartão reciclado. Mas que tal viver numa casa reciclada? Todo este edifício é feito de materiais reciclados. é um conceito inovador, no qual trabalham pesquisadores em Espanha e Itália. Viemos ao encontro deles.

Este é o local de testes de um projeto da União Europeia batizado RE4, em que os peritos comparam um edifício reciclado e um edifício tradicional. Ambos são acompanhados e monitorizados ao longo de um período de quatro meses.

"O que podemos fazer é comparar a a nível térmico e ao nível da construção. Assim comparamos a eficiência energética de um e de outro, tal como o tempo de construção e demolição", explica Felipe Mata Gutiérrez, diretor técnico da Acciona, empresa espanhola envolvida no projeto. 

A nova construção é feita com 80% de cimento reciclado, incluindo painéis pré-fabricados que podem ser reutilizados. Para isso, a equipa do RE4 desenvolveu uma série de novos materiais.

"Os agregados reciclados foram usados para fabricar todos os componentes e materiais do edifício, tal como estas placas, que são feitas de cimento e areia reciclada. Temos também este material, que é feito de plástico e madeira reciclada, que é muito leve e usamos para fazer agregado para o cimento ligeiro. Finalmente, temos estes pedaços de madeira, que usamos para fazer painéis de madeira isoladora", mostra María Casado, diretora de projeto.

Criar estes materiais parece simples, mas não é, devido à natureza do entulho: "O problema principal é separar e classificar. O entulho está todo junto, há que separar e classificar", explica María Casado.

Os desafios da triagem

Outros parceiros do projeto RE4 estão em Génova, Itália, à procura de novas formas de fazer a triagem e classificação do entulho, que acaba habitualmente nas lixeiras. Usam uma câmara de espetro múltiplo e um braço robótico para fazer a separação.

"Temos três grupos que precisam de ser separados: O primeiro é o dos ladrilhos. Depois o dos tijolos, que também vai para um recipiente próprio, e finalmente o do vidro. No resto não tocamos, porque é o que chamamos agregados minerais - gravilha, estuque, pedra e asfalto", explica Mony Khosravi, engenheiro robótico.

A ideia é levar este sistema para as obras, para separar e reutilizar o entulho. Mas os engenheiros admitem qe o protótipo ainda não é suficientemente robusto para trabalhar nestas condições.

"Obviamente, há problemas inevitáveis de poeira ou de infiltrações devidas à água, ao vento e às condições atmosféricas em geral. Além de que para este volume de material são precisos mais robôs além deste único robô que temos no laboratório", diz Umberto Battista, gestor do projeto.

De regresso a Madrid e depois do período de testes comparativos, os pesquisadores vão fazer pressão para mudar os regulamentos, para que permitam um maior uso dos materiais reciclados nas novas construções.

Nome do jornalista • Ricardo Figueira

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