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Instabilidade do setor financeiro penaliza Espanha e zona euro

Instabilidade do setor financeiro penaliza Espanha e zona euro
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De  Euronews
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A zona euro vive novos dias de tensão, agravados pela instabilidade do setor bancário espanhol. Os juros exigidos pelos investidores para comprarem dívida espanhola a dez anos atingiram um novo máximo, acima dos 6,6%.

As palavras do primeiro-ministro Mariano Rajoy parecem surtir pouco efeito e para os mais céticos o resgate está eminente.

O prémio de risco de Espanha atingiu o nível mais elevado de sempre, o que significa que o país se encontrará numa situação pior do que aquela em que se encontrava a Grécia e Portugal quando recorreram à ajuda externa.

No centro da tempestade, a recapitalização do Bankia, quarta entidade financeira do país. A nacionalização parcial custará ao Governo pelo menos mais 19 mil milhões de euros.

O ministro espanhol da Economia assegurou que o Banco Central Europeu não rejeitou qualquer programa de recapitalização porque o Governo “não apresentou qualquer plano” à instituição.

Ao que tudo indica a injeção de capital do Estado, não será feita com títulos de dívida, mas com dinheiro obtido através de leilões tradicionais do Tesouro. A Comissão Europeia propõe que se possa emprestar diretamente aos bancos, sem passar pelos Estados, o que pode trazer um novo fôlego.

Josep Maria Ureta, jornalista de economia no jornal “Periódico de Catalunya, em Barcelona, comenta a situação espanhola.

Vicenç Batalla, Euronews: Banco Central Europeu rejeitou o plano do Governo espanhol para resgatar o Bankia em troca da dívida soberana, ao mesmo tempo que disparavam os juros da dívida pública. Que alternativa tem agora o primeiro-ministro, Mariano Rajoy?

Josep Maria Ureta: “Se rejeitam a opção de dívida – que era cobrar o aumento de capital do Bankia ao Banco Central Europeu através do mecanismo de refinanciamento – têm de injetar dinheiro público diretamente a partir do orçamento público espanhol. Se falamos da necessidade de 23 mil milhões de euros, o défice poderia disparar até dois pontos percentuais.
Quando se soube, ontem, que, em apenas quatro meses, foi cumprido 70% do défice espanhol.”

Vicenç Batalla, Euronews: Quais os erros cometidos pelo Bankia. Que responsabilidade têm os Governos de Zapatero, Rajoy, o ex-presidente Bankia, Rodrigo Rato, ou o Governador do Banco de Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez?

Josep Maria Ureta: “O Bankia não tem sequer um ano. É um grupo de bancos de poupança espanhóis ligados a algumas das regiões mais envolvidas com a promoção imobiliária, como a Comunidade de Valência e Madrid. A solução pensada foi juntá-los. Mas quando se juntam bancos maus, fica-se com um banco muito mau. Nunca um bom.
Uma vez juntos entram na bolsa. As responsabilidades políticas são divididas. São do Governo socialista anterior porque conhecia todo o processo e do Partido Popular, porque participaram na criação do Bankia e controlavam o bancos de aforro.
A responsabilidade do Banco de Espanha é de supervisor. O Banco da Espanha sabia onde estava a grande bolha financeira, na ligação das caixas de aforro com o setor imobiliário. E, mesmo assim, procurou uma primeira solução em fusões falhadas, e em seguida a bolsa, que agravou mais a crise em vez de a resolver. “

Vicenç Batalla, Euronews: O que significaria um resgate por parte da União Europeia. Estará preparado o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira para um país do tamanho de Espanha?

Josep Maria Ureta: “De todas as medidas que Espanha tomou desde o verão passado, não se pode esquecer um fator chave pouco conhecido, mas muito importante. Trata-se da carta enviada a 5 de agosto do ano passado ao presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, a dois chefes de Governo: Silvio Berlusconi e a José Luis Rodriguez Zapatero. Nessa carta, assinada pelo então Governador do Banco de Itália, Mario Draghi, e por Miguel Angel Fernández Ordóñez, um mês antes de cessar funções, constavam as medidas que o Governo espanhol deveria tomar para obter ajuda europeia. Todos estas medidas não se entenderiam se já não se soubesse que no final do processo é ativado o Mecanismo Europeu de Estabilidade a 1 de julho, ao qual é muito provável que a Espanha vá recorrer. Ou é a Espanha que não quer tomar as medidas, ou é-lhe sugerido por Bruxelas, que não as tome. Esta diferença entre ‘eu não quero, mas obrigam-me’ é o que nos vai levar a um mês e meio de tensão nos mercados.”

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