Há cada vez mais estudantes a fugir das Humanísticas nos cursos superiores. A falta de perspetivas profissionais, está a leva-los a optar pelas vias científicas e tecnológicas. Estarão eles a proceder corretamente? Estarão as chamadas “línguas mortas”, como o Grego e o Latim, completamente obsoletas? Ou terá a antiguidade clássica ainda relevância no mundo atual?
Nesta edição de Learning World passamos por Itália e Grécia para sabermos como anda o ensino das línguas clássicas e, por fim, vamos até Inglaterra onde uma uma universidade promoveu a interpretação em palco de um textos mais complexos de Sófocles em… Grego antigo.
Concurso de tradução clássica
Giovanna Chirri fala fluentemente Latim. Foi ela a única jornalista a conseguir entender em direto o discurso de resignação do Papa Bento XVI. Foi ela, por isso mesmo, a primeira dar a notícia em todo o Mundo. Mas não é fácil aprender a língua, hoje “morta”, da antiguidade romana e que esteve na base dos escritos da Igreja Católica.
Em Turim, realiza-se anualmente um concurso dirigido a alunos do ensino secundário e que premeia quem melhor e mais rápido traduzir um texto de Grego antigo ou de Latim para italiano. Apenas 80 estudantes de toda a Itália são selecionados para o concurso onde se habilitam a ganhar 600 euros. No Ensino Superior italiano, porém, são cada vez menos os estudantes a optar pelos cursos de Línguas e Cultura Clássicas, integrantes das Humanidades.
O mesmo se passa na Grécia. A crise económica que grassa pelo Mundo e o desemprego que continua a aumentar, em especial nos países do sul da Europa, têm levado as escolhas dos estudantes para cursos com melhores perspetivas profissionais. Nos Estados Unidos, curiosamente, regista-se o inverso: há cada vez mais estudantes a optar pelas Humanísticas e isto porque as grandes empresas têm revelado apetência por quem tenha formação nesta área. A Alemanha, segundo os dados existentes, é o único país europeu onde esta tendência pelas Humanísticas também começa a ganhar terreno.
Peça britânica falada em Grego antigo
Na capital britânica, por fim, encontrámos uma universidade que há seis décadas promove anualmente a realização de uma peça de teatro recorrendo a textos no Grego antigo. Para o 60.° aniversário, foi eleito “Édipo em Colono”, a derradeira parte da “Trilogia Tebana”, de Sófocles. A interpretação – “muito difícil”, sublinharam-nos – fez-se no idioma original da Grécia ancestral e isso exigiu muito aos atores, uma parte deles estudantes de cursos de Antiguidade Clássica. Foi a primeira vez que “Édipo em Colono” esteve em cena na King’s College e as críticas foram positivas.