UE sanciona politicamente a Rússia, que recusa reconhecer governo de Kiev

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A União Europeia (UE) aprovou sanções políticas contra a Rússia que se traduzem na suspensão das negociações com vista à isenção de vistos de viagem e para um novo acordo de associação bilateral.

Esta decisão foi anunciada pelo presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, no final da cimeira dos líderes da UE sobre a situação na Ucrânia, quinta-feira, em Bruxelas.

As sanções poderão “incluir a anulação da próxima cimeira UE/Rússia”, disse Herman van Rompuy e adiantou que “deve ser encontrada brevemente uma solução para a crise, em negociações com prazo delimitado”.

Se isso não acontecer, a UE pode avançar para sanções económicas contra Moscovo tais como a não concessão de vistos de viagem e o congelamento de bens de autoridades russas.

O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, considerou que a posição conjunta defende de forma clara uma “solução política e diplomática”, evitando simples ameaças à Rússia.

A correspondente da euronews em Bruxelas, Fariba Mavaddat, entrevistou Vladimir Chizhov, embaixador da Rússia para a UE, sobre o que pretende a Rússia fazer para resolver a crise.

Fariba Mavaddat/euronews (FM/euronews): “Qual é a avaliação que faz dos esforços diplomáticos da UE em relação à Ucrânia?”

Vladimir Chizhov/embaixador da Rússia para a UE (VC/Embaixador): “Creio que a UE fez uma série de erros sistemáticos. Primeiro tentou pressionar a Ucrânia a assinar um acordo de associação sem ter em consideração a natureza complexa da sociedade ucraniana”.

FM/euronews: “Mas qual é o problema de um acordo inofensivo?”

VC/Embaixador: “Não era assim tão inofensivo”.

FM/euronews: “Porquê?”

VC/Embaixador: “Porque o acordo de associação teria implicado que a Ucrânia transpusesse um amplo conjunto de critérios políticos da UE para a sua legislação nacional. Tal criaria algumas dificuldades nas relações económicas entre a Ucrânia e a Rússia. E isso conduziu aos protestos espontâneos do início de novembro, em Kiev. Depois disso, a UE passou a apoiar a oposição sem realmente se dar conta de quem são essas pessoas”.

FM/euronews: “E quem são elas?”

VC/Embaixador: “Começou como um protesto espontâneo…

FM/euronews: “… do povo.”

VC/Embaixador: “Do povo, mas que gradualmente evoluiu para algo completamente diferente.”

FM/euronews: “Mas o facto é que um novo governo foi escolhido e é reconhecido pela UE. Essa é a situação que temos, o que pretendem fazer a esse respeito?”

VC/Embaixador: “A UE errou ao fazer esse reconhecimento”.

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FM/euronews: “Mas está feito”.

VC/Embaixador: “A maioria dos membros da UE reconhece o Kosovo, mas isso não faz dele um país independente”.

FM/euronews: “Então não o reconhecem?”

VC/Embaixador: “Não reconhecemos o governo, mas mantemos contactos diários de trabalho porque não queremos voltar as costas à Ucrânia e ao seu povo. Mas não devem esperar o nosso reconhecimento político”.

FM/euronews: “Qual é a vossa posição atual no que respeita à Ucrânia e à região da Crimeia?”

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VC/Embaixador: “Queremos ajudar na solução política para a crise, sem interferir nos assuntos internos do país. Ao nível económico, queremos trabalhar com o FMI, com o Banco Europeu de Desenvolvimento e outras instituições financeiras internacionais.”

FM/euronews: “E o que é que querem em troca?”

VC/Embaixador: “Queremos estabilidade. Queremos proteção dos direitos humanos na Ucrânia. Queremos travar a violência. Queremos que os direitos da população que fala russo sejam preservados.”

FM/euronews: “E se as vossas exigências não forem atendidas, o que é que acontece?”

VC/Embaixador: “São as nossas expectativas. Caso contrário, a crise só será prolongada. Porque não estamos na posição, e UE também não está, de convencer as pessoas no leste da Ucrânia a aceitarem a chamada “nova realidade” de Kiev.”

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