NewsletterBoletim informativoEventsEventosPodcasts
Loader
Encontra-nos
PUBLICIDADE

Faixa de Gaza: Israel mantém defesa armada e Hamas promete resistir

Faixa de Gaza: Israel mantém defesa armada e Hamas promete resistir
Direitos de autor 
De  Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

Duas faces, a mesma moeda. Uma região, duas religiões. Uma fronteira, duas forças armadas. De um lado Israel. Do outro, os palestinianos do Hamas.

Este é um conflito repleto de história. Uma história armada. Uma história de sangue. Uma história que vinha caminhando há meses num difícil processo de paz entre israelitas e palestinianos, mas que nas últimas semanas sofreu um dos mais duros revés.

Ao rapto e assassinato de três jovens israelitas a meio de junho, sucedeu-se o assassinato bárbaro de um adolescente palestiniano. Populares islâmicos revoltaram-se contra as forças de defesa israelitas.

Um jovem de passaporte americano e origem palestiniana acabou espancado pela polícia de Israel. Uma represália que agravou o conflito junto à Faixa de Gaza, a região controlada pelo Hamas, a organização islâmica que o executivo liderado por Benjamin Netanyahu acusa como responsável em primeiro lugar pela morte dos três jovens israelitas.

“O Hamas é uma organização terrorista que tem de ser derrotada. No que toca a Gaza, por nós a fronteira estaria pacífica. O problema é que o Hamas não deixa. Só nas últimas três semanas, foram lançados 150 roquetes e granadas de Gaza para Israel. Por isso, como é obvio, temos de proteger o nosso povo”, alegou Mark Regev, o porta-voz do primeiro-ministro israelita.

Os “raides” aéreos israelitas sobre alegadas bases de lançamento de roquetes em Gaza incendiaram ainda mais o desejo de respostas armadas por parte do Hamas. A organização islâmica promete não baixar as armas se as forças israelitas insistirem nestes ataques. “O povo da Palestina apoia a resistência contra a ameaça de Israel. Qualquer sinal de guerra contra Gaza poderá abrir os portões do inferno contra os invasores. A resistência (do Hamas) não vai ficar parada”, garantiu Mushir Al Masri, porta-voz do Hamas.

Embora as negociações de paz entre Israel e a Palestina tenham entrado num género de beco sem saída em abril, muitos israelitas julgam que esta poderia ser uma nova oportunidade de as reativar se houver alguma contenção e compreensão de parte a parte. Mas estes apelos à paz podem cair por terra face ao agravamento do conflito entre Israel e palestinianos nestas últimas semanas. Por enquanto, ainda a forte presença militar o que domina a fronteira junto à Faixa de Gaza.

Freddy Eytan é investigador e analista do Jerusalem Center for Public Affairs.
Luis Carballo, da Euronews, falou com ele sobre a tensão existente entre Israel e o Hamas.

Luis Carballo – Senhor Eitan obrigado por estar com a Euronews. A minha primeira questão é a seguinte:
O senhor Netanyahu está perante o dilema de atacar ou não o Hamas. O que lhe parece ser o mais provável?

Freddy Eytan – Veja, Benjamin Netanyahu é primeiro-ministro pela terceira vez, pelo que tem experiência e acredita efetivamente que deve haver uma certa dissuasão e que a mensagem deve ser dissuasiva.
Realmente Netanyahu encontra-se perante um dilema porque tem uma coligação bastante dura e difícil de gerir. Há a extrema-direita que, como Lieberman, Penet e outros, querem a todo o custo lançar uma operação de grande envergadura, o que Netanyahu não fará. Não foi contra a operação Pilar de Defesa em novembro de 2012, mas desta vez não haverá uma operação de grande envergadura. Contudo, não podemos aceitar ou tolerar a morte de três adolescentes, e não ripostar. Há respostas prontas e raides pontuais todas as vezes que são lançados mísseis ou rockets contra aldeias israelitas. É essa, desde há muito, a política, a estratégia de Netanyahu e assim vai continuar. Netanyahu não é belicoso. Não se lançou em operações bélicas como fez Olmert no Líbano ou em Gaza.

L.C. – O exército israelita define o Hamas como uma organização sem recursos. É verdade? É uma organização sem estrutura como diz o Tsahal?

F.E. – O movimento Hamas, considerado um grupo terrorista pela comunidade internacional, está cada vez mais isolado porque o quadro geopolítico mudou. O Egito tem um novo presidente que quer pôr de quarentena a filial da Irmandade Muçulmana e o Hamas é na realidade da Irmandade Muçulmana.
O Hamas encontra-se em dificuldades porque está isolado do mundo árabe, uma vez que a Irmandade Muçulmana sofre uma baixa de popularidade.
Mas, por outro lado, nota-se que o Hamas tenta regressar à cena internacional e sobretudo à cena árabe e conquistar pontos favoráveis à sua causa.
Mas tem dificuldades financeiras. Não pode pagar os salários a 40 mil funcionários e isso também é um problema.
Por um lado, o Hamas que se encontra numa situação difícil, não pode controlar todas as suas tropas. A Jihad Islâmica, as Brigadas Ezzedime El Qassam e outros grupos tentam quebrar as tréguas e o Hamas pretende tréguas a longo prazo, um ano e meio, dois e não fechar a porta aos israelitas.
A realidade é que encontramo-nos numa situação em que o Hamas não é capaz de lançar operações importantes porque sabe que Israel ripostará de forma vigorosa e talvez com uma operação de grande envergadura. É uma possibilidade, pode acontecer.
Por outro lado pretende gerir, provar que é mais forte que a Fatah.

L.C. – Vê sinais da terceira Intifada estar em curso? Trata-se de um explosão de raiva temporária ou algo mais sério?

F.E. – A primeira Intifada eclodiu após um acidente com um automóvel em dezembro de 87 em Gaza. Hoje não há controlo de coisas como essa. Não se pode saber o que vai acontecer amanhã no Médio Oriente. Tudo é muito volátil, tudo muda e há que ser prudente.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Milhares de pessoas fazem greve em Israel após seis reféns terem sido encontrados mortos em Gaza

Corpos de seis reféns recuperados em Gaza, três agentes israelitas mortos na Cisjordânia

Secretário-geral da ONU manifesta preocupação com escalada de violência ao longo da Linha Azul