Charlie Hebdo: tribuna da resistência satírica

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De  Euronews
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Desde a fundação, em 1970, o jornal Charlie Hebdo, jamais hesitou publicar desenhos provocadores, satirizando tanto estrelas, como políticos ou

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Desde a fundação, em 1970, o jornal Charlie Hebdo, jamais hesitou publicar desenhos provocadores, satirizando tanto estrelas, como políticos ou religiosos. Fiel a esta tradição de imprensa livre e frutuosa, em fevereiro de 2016, o semanário , como outros jornais europeus, divulgou as 12 caricaturas de Maomé, publicadas originalmente pelo diário dinamarquês Jyllands-Posten. O diretor, então, era Philippe Val:

“- Publicámos as caricaturas, primeiro, por solidariedade com os cartoonistas da Dinamarca. Não foi uma provocação. Exercemos o direito à liberdade de caricaturar e a liberdade de imprensa não é uma provocação.”

A partir desse momento, o semanário viveu sob a ameaça constante dos grupos radicais islâmicos, mas continuou a publicar. Em novembro de 2011, saiu um número especial batizado Charia Hebdo, com o profeta Mahome em manchete. No mesmo dia a sede do jornal foi destruida por um fogo posto. Luz concebeu a primeira página:

“- Estas pessoas não acreditam em Deus. não acreditam na própria religião. Acreditam no fogo, no desaparecimento, na morte. São descrentes, foram os descrentes que fizeram isto”.

No dia 19 de setembro de 2012 “Charlie” publicou as controversas caricaturas inspiradas no filme islamofóbico “A inocência dos Muçulmanos”, difundido na Internet, e que provocou violentos confrontos em vários países, que causaram mortes. Acusado, por duas associações, de provocar o ódio e a difamação, o diretor do semanário, Stéphane Charbonnier (Charb), defendeu-se:

“Não podemos caricaturar Maomé em França? Claro que podemos caricaturar Maomé e toda a gente em França. Em França a religião é aceite como uma filosofia, como uma ideia, e eu posso caricaturar Maomé como posso caricaturar Marx”.

A justiça francesa declarou as acusações nulas. Em 2013, o Charlie Hebdo publicou um número especial sobre a vida de Maomé, redigido por jornalistas muçulmanos.

Stéphane Charbonnier (Charb), o malogrado diretor ainda tentou elucidar: “- De facto, ninguém conhece nada de Maomé nem dessa religião. Uma religião que inspira medo cada vez que se fala dela, cada vez que se fala de atentados de uma minoria…por isso começamos por aí: dar a conhecer Maomé e o Islão, antes de brincar com tudo”.

Ameaçado de morte, “Charb” viveu sob proteção policial até hoje.

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