Com uma nova caricatura de Maomé que gerou polémica antes mesmo de ser publicada, primeira edição do "Charlie Hebdo" desde os ataques de Paris é hoje vendida nas bancas, em três milhões de exemplares.
Em França e noutras duas dezenas de países, estarão hoje à venda três milhões de exemplares do “Charlie Hebdo”. Um número recorde, decidido para fazer face à imensa procura, dentro e fora do país.
Num quiosque de Paris, um vendedor explicava ontem que já tinha recebido “cinquenta pedidos para reservar cópias”.
Os autores do primeiro número do semanário satírico publicado desde o ataque mortífero da semana passada explicaram as intenções numa conferência de imprensa, desdramatizando a decisão de abrir com uma nova caricatura do profeta Maomé.
Renald Luzier, conhecido como Luz e desenhador do “cartoon” da primeira página, afirmou que os membros da equipa do “Charlie Hebdo” são “acima de tudo caricaturistas que gostam de desenhar pequenas personagens, como quando eram crianças. Os terroristas também foram, em tempos, crianças e fizeram desenhos, como fazem todas as crianças. Mas em determinado momento perderam o sentido de humor, a alma de criança e a capacidade para observar o mundo com alguma distância, o que é, finalmente, a essência do ‘Charlie Hebdo’”.
Representantes da comunidade muçulmana de várias partes do mundo criticam a nova caricatura mas, polémica à parte, espera-se uma corrida às bancas.
As receitas do primeiro milhão de cópias revertem integralmente para a publicação satírica, já que a rede de distribuição aceitou trabalhar gratuitamente.