Ébola está a fraquejar mas continua tão perigoso como uma cobra

Ébola está a fraquejar mas continua tão perigoso como uma cobra
De  Francisco Marques  com LUSA, REUTERS, OMS

O diretor-geral adjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS ou WHO, na sigla inglesa) recorreu esta sexta-feira, em Genebra, a uma curiosa metáfora

O diretor-geral adjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS ou WHO, na sigla inglesa) recorreu esta sexta-feira, em Genebra, a uma curiosa metáfora com duas cobras para explicar que a atual situação no combate à epidemia de ébola na África Ocidental é ainda muito complicada e está longe de esta ser uma guerra ganha.

“A situação em que estamos hoje é como se há três ou quatro meses tivéssemos duas cobras na nossa cama. Deixávamos as luzes acesas e ninguém dormia enquanto as cobras ali estivessem. Agora uma das cobras está morta, desligamos as luzes e vamos dormir… Com isto, estou a tentar passar a mensagem de que ainda estamos numa situação muito, muito perigosa com este vírus”, afirmou Bruce Aylward, em Genebra, onde arranca segunda-feira a 136.a sessão do Conselho Executivo da OMS.

O foco da epidemia centra-se em três países da África Ocidental: Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa. A redução significativa de novos casos nas últimas semanas permite algum otimismo. Pela primeira vez, desde o início do presente surto os três países registaram quatro semanas seguidas com o número de novos casos em queda. Uma quebra que levou mesmo o presidente da Serra Leoa a anunciar o levantamento das medidas de restrição estabelecidas para lutar contra a propagação do vírus.

“As restrições ao movimento das populações serão reduzidas para apoiar a atividade económica”, explicou Ernest Bai Koroma, acrescentando que o país entrou “numa fase de transição tendo em conta os progressos realizados contra a doença.”

Os 21724 casos de ébola registados até agora e as 8641 mortes já confirmados devido ao vírus mostram contudo que o a realidade continua assustadora. Com o período de incubação a ser aproximadamente de três semanas, nos últimos 21 dias, incluindo meras suspeitos e prováveis confirmações, ainda que em redução, foram contabilizados 549 novos casos na Serra Leoa (979 no período de 10 a 31 de dezembro), 136 casos na Guiné Conacri (346) e 25 casos na Libéria (91). “Estamos preocupados. Esta diminuição pode originar uma certa indolência e isso é o pior risco”, reforçou Bruce Aylward.

Duas vacinas estão, entretanto, em desenvolvimento e vão começar a ser testadas dentro de poucas semanas. Os medicamentos antiébola ainda experimentais tem vindo a ser desenvolvidos pelos laboratórios da GlaxoSmithKline e da NewLink Genetics, ambos foram aprovados pelos Institutos Nacionais de Saúde e vão ser testados na Libéria, dando prioridade às pessoas com alto risco de contrair o vírus, em particular o pessoal médico no terreno.

As cerca de 600 “cobaias” vão ser divididas em três grupos: um será administrado com uma das vacinas, outro com a outra e um terceiro com um placebo, o qual irá permitir determinar a segurança e a eficácia dos verdadeiros medicamentos.

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