Israel depois de reeleição de Netanyahu, que futuro?

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De  Pedro Sacadura com ALASDAIR SANDFORD
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A vitória surpresa do Likud nas eleições legislativas em Israel garantiu a Benjamin Netanyahu mais um mandato, o quarto, como primeiro-ministro.

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A vitória surpresa do Likud nas eleições legislativas em Israel garantiu a Benjamin Netanyahu mais um mandato, o quarto, como primeiro-ministro.

A batalha foi difícil, até porque as sondagens apontavam para vitória da União Sionista ou para um empate entre os dois partidos, o que precipitaria o cenário de um bloco central.

Netanyahu levou a melhor no duelo, mas ainda assim o Likud terá de se sentar à mesa das negociações com partidos mais pequenos para formar Governo.

A continuidade do primeiro-ministro israelita não afastou o clima nebuloso em relação ao futuro. Até porque as relações de Netanyahu com os palestinianos e a nível internacional deterioraram-se.

Certo é que a campanha dominada pela agenda da segurança parece ter convencido os israelitas, contrariando todos os prognósticos. Para alguns analistas políticos, como Amotz Asael, a questão que se coloca agora é a das condições de governação: “Este Governo terá muitos elementos e cada qual remará em sentidos opostos. Gerir esta situação será muito mais complexo para Netanyahu do que as comemorações da vitória parecem sugerir.”

As conversações para formar coligação já estão em curso, mas as dúvidas em relação à aliança persistem, atendendo às opções possíveis.

Netanyahu já terá enviado convites a formações de direita, centristas, de inspiração nacionalista e/ou judaica, mas ao que tudo indica a União Sionista também poderá vir a ser consultada.

A única certeza, pelo menos para os palestinianos, é que a recondução de Netanyahu, não é motivo de alegria. As poucas esperanças que pudessem existir em relação a um novo rumo depressa se esfumaram, mas a determinação para um confronto diplomático e legal mantém-se de pé.

“A política antiga continuará. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, foi bastante claro nos últimos dias de campanha. Disse que nunca permitirá um Estado palestiniano, que não sairá nem um centímetro dos territórios palestinianos ocupados, e que Jerusalém continuará unida como a capital de Israel. Isso significa que fecha todas as opções às negociações de paz”, comenta Abdullah Abdullah, da Autoridade Palestiniana.

Um dossier polémico que aguarda Netanyahu, juntamente com as questões económicas, que o primeiro-ministro relegou para segundo plano durante a campanha eleitoral, mas que prometem ainda fazer correr muita tinta.

A propósito do resultado eleitoral falámos com Uri Dromi, diretor-fundador do Clube de Imprensa de Jerusalém e antigo porta-voz dos Governos de Shimon Peres e Yitzhak Rabin, na década de 90.

Alasdair Sandford, Euronews: Uri, recebeu com surpresa a notícia da vitória de Benjamin Netanyahu e do Likud?

Uri Dromi, Diretor do Clube de Imprensa de Jerusalém e antigo porta-voz dos Governos de Shimon Peres e Yitzhak Rabin: “Sim. As sondagens previam uma vitória dos trabalhistas e depois houve o empate. Foi uma surpresa e encarei a possibilidade de os trabalhistas formarem uma coligação. De manhã, talvez como a maioria dos israelitas em todo o mundo, fiquei verdadeiramente admirado com os resultados.”

Alasdair Sandford, Euronews: Benjamin Netanyahu falou muito em matéria de segurança e em ameaças a Israel. Foi essa a mensagem que convenceu no fim de contas?

Uri Dromi, Diretor do Clube de Imprensa de Jerusalém e antigo porta-voz dos Governos de Shimon Peres e Yitzhak Rabin: “Penso que Netanyahu conseguiu, num golpe brilhante, o melhor de todos os mundos possíveis. Por um lado, é visto como o que melhor responderá aos desafios de segurança. Por outro, ao incluir Kahlon, oferecendo-lhe um ministério de relevo, também está a dizer aos israelitas que não é indiferente às queixas deles.”

Alasdair Sandford, Euronews: Atendendo a esse facto, que tipo de Governo espera ver formado nas próximas semanas?

Uri Dromi, Diretor do Clube de Imprensa de Jerusalém e antigo porta-voz dos Governos de Shimon Peres e Yitzhak Rabin: “Teremos um Governo de centro-direita, a tender para a direita. Um executivo de falcões, mas com traços socialistas em matéria social e económica.”

Alasdair Sandford, Euronews: Netanyahu disse “não” a um Estado palestiniano, “sim” a mais colonatos nos territórios ocupados. Que efeito considera que isso terá?

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Uri Dromi, Diretor do Clube de Imprensa de Jerusalém e antigo porta-voz dos Governos de Shimon Peres e Yitzhak Rabin: “Desde logo, para os palestinianos, este é um sinal de que não existe um interlocutor israelita, que é a mesma sensação que têm os israelitas, sem um interlocutor palestiniano.
Para onde quer que se olhe, é um prolongamento do braço de ferro, de um beco sem saída e isso é perigoso. O que se passa no Médio Oriente, e na nossa região em particular, mais concretamente nas nossas relações com os palestinianos, é que se não se avança. Acontece sempre alguma coisa, seja outra intifada ou mais pressão através das Nações Unidas ou até o colapso da Autoridade Palestiniana.
Abu Mazen [Mahmoud Abbas], ou quem quer que o suceda, pode dizer ‘basta’. Querem um Estado, então muito bem, mas que seja um Estado em que haja 40 a 45% de árabes. Esse seria o fim de Israel como Estado judaico e democrático. Estamos num cenário que não admite o imobilismo e por essa razão tenho dificuldades em imaginar que Netanyahu não faça coisa alguma.”

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